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Imaginem nas próximas eleições como vai ser a cobrança? |
Ao promover a votação relâmpago da PL 4330 em tempo recorde o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pensava em marcar dois golaços: declarar guerra a Dilma e instalar o parlamentarismo de fato e agradar às bases empresariais interessadas na precarização do trabalho. Ambas as coisas contribuiriam para obter mais poder. Até, quem sabe, disputar a presidência pelo PMDB em 2018. Isso se um golpe cada vez mais improvável vier a abreviar essa ambição.
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Montagem que circula nas redes sociaisdenuncia incoerência do PSDB |
Na primeira votação, do texto-base, somente o PT e o PSOL votaram completos contra, em defesa da qualidade dos empregos e contra rasgar a CLT, que de fato é o que o projeto pretende, para reduzir direitos e garantias do trabalhador e aumentar os lucros das empresas. Até no PC do B houve um voto a favor. Partidos trabalhistas, verdes, solidários, populares, socialistas e outros grupos que deveriam estar do lado da classe trabalhadora por coerência votaram com o patronato do PSDB, PMDB e DEM no texto base, em meio a protestos de rua com paralisações dos trabalhadores e suas entidades mais representativas. A reação da classe trabalhadora foi tão forte que atingiu as classes médias, como se pode ver nas redes sociais.
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Ato da CUT na Rodoviária de Brasília contra a PL 4330 |
Num segundo momento, temendo pela volta da liderança do PT em meio a um ambiente de luta de classes indesejado pelo patronato, o PSDB propôs tirar do pacote os servidores públicos e de estatais, deixando no fogo a iniciativa privada. A PL 4330 perdeu, ainda na Câmara, um grande filão desejado pelo empresariado: prestar serviços ao governo. E aí cabe tudo: corrupção, etc.
Ontem na aprovação final do projeto na Câmara a goleada de mais de 300 votos contra cento e poucos anterior virou 230 a 203. Deputados como Augusto Carvalho, ex-sindicalista identificado com o funcionalismo do BB, voltaram atrás e votaram contra porque não quiseram ver suas fotos expostas em cartazes como "ladrões de direitos". Quando trabalhadores da classe média perceberam a ameaça, esvaziaram a liderança da direita no movimento pró-golpe do dia 12/4, que acabou sendo patético. Começou o coro "veta, Dilma" inclusive com vozes que queriam sua deposição. E ontem houve mais manifestações de trabalhadores.
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Panfleto distribuído em Brasília nos atos contra a PL 4330 |
O que passou despercebido em meio às manipulações da mídia bandida é que o PT radicalizou, propondo uma emenda tirando do texto a liberação da terceirização para atividades-fim. Foi derrotado no voto. Somando-se isso a declaração do presidente do Senado, Renan Calheiros, contrária à ampliação do espectro da terceirização, os defensores do projeto correm o risco de ver passar o projeto sem o seu principal mote.
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Demagogia do DEM: dizem que Dilma traiu os trabalhadores
prometendo não mexer nos direitos mas eles fazem o estrago. |
Ainda ontem a mídia bandida noticiou declarações do ministro Levy como "de apoio à PL 4330". Vi as matérias e o que ele disse é um torpedo no projeto. Quer acabar com a sonegação à previdência e tributos federais tornando a empresa contratante solidária da terceirizada, ou seja, acabar com a bandalheira que tem hoje de sonegação sem que a empresa principal tenha responsabilidade.
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Patronato vai à luta na TV e pagando terceirizados para defender
a PL 4330. |
A FIESP partiu para a campanha de massas divulgando uma propaganda enganosa dizendo que a PL 4330 é boa para o trabalhador. E que regulamentará os direitos que hoje não são garantidos, o que é uma meia verdade. O texto da Câmara fala na sindicalização dos terceirizados junto com os trabalhadores da terceirizadora. Ao mesmo tempo lhes nega as vantagens das convenções coletivas dessas categorias, como piso salarial, por exemplo.
Moral da estória: com a pressão dos trabalhadores sobre os deputados, que já têm agora nos seus currículos a traição que será cobrada nas próximas eleições com exposição cruel nas redes sociais, os defendores da PL 4330 correm o risco de aumentar os custos da atual terceirização com o acréscimo de garantias aos atuais terceirizados, aumento da carga tributária pela dificultação da sonegação,
sem o bônus de poder explorar mais gente. Tiro no pé?