Incrível a fidelidade do jornalista Merval Pereira ao tucanato. No Jornal das 10, agora há pouco, explicou que FHC escreveu seu artigo dizendo que oposição tem que se opor e que deve deixar o povão para investir na classe média com olhar sociológico, já que não tem mandato, etc. FHC teria dito o óbvio: depois da chinelada que Serra levou nas eleições passadas nos redutos mais pobres, especialmente no Nordeste, porque os programas sociais de Lula dominaram esse segmento, o melhor a fazer seria investir onde o PSDB ganhou, ou seja nos setores mais elitizados da sociedade.
Se o olhar fosse sociológico, FHC teria que levar para o seu artigo o fenômeno da migração das classes econômicas mais baixas para a nova classe média, que representa 51% da população, e se move pelas oportunidades criadas a partir das políticas de transferência de renda e facilidades para o consumo de Lula, seguidas por Dilma. A classe média de FHC não parece ser tão "média" assim, mas nela estão os setores mais reacionários da sociedade e os que por toda a vida jamais souberam o que é passar necessidade.
O fato é que toda a oposição que um dia foi contra o governo está criticando o artigo de FHC por propor jogar a toalha na disputa do povão, que de um jeito ou outro elege candidatos dos partidos de direita, já que a "classe média" de FHC tem muito poucos indivíduos, o que é insuficiente para superar quocientes eleitorais. Como Merval não é "radical", fica com FHC. Enquanto isso, os mais "light" fazem fila para o PSD de Kassab, doidos para dizer "amém" a Dilma e se tornarem sócios do poder e da grana que dele emana.
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