A pauta oposicionista das organizações Globo de hoje tenta colocar governo contra governo na retenção orçamentária. Eles afirmam que ontem o governo anteontem cortou R$ 37 bi do orçamento, e ontem Lula anunciou mais R$ 500 milhões para ampliação do Bolsa Família e igual valor para reforço da merenda escolar, e que isso seria uma contradição. Para reforçar seus argumentos, a Globo bota a imagem do senador Agripino Maia, do DEMo, para questionar a origem da verba para tal gasto, como se fosse um arauto da verdade.
A má-fé começa nas contas. O governo faz um orçamento, projetando um montante de recursos a arrecadar no exercício seguinte. Ao ver que pode ter uma redução na estimativa, resolve reter (e não excluir) os recursos para certos gastos, até que a situação, como nesta crise, fique mais clara, e permita melhor planejamento. Ou seja, o dinheiro projetado não deixou de existir, mas, por cautela, o governo retardou o seu uso. Por isso, já tem os R$ 1 bi para aumentar os programas sociais sem necessitar criar novos recursos, já que o que se fez foi uma realocação de prioridades, baixando a retenção de R$ 37 bi para R$ 36 bi.
Por trás dessa aritmética safada está oculta a natureza ideológica do ataque ao Bolsa Família, que transfere recursos de impostos para combater a miséria, gerando um efeito multiplicador de consumo que é um dos pilares do crescimento da economia dos últimos anos. E da aprovação popular a Lula também.
A oposição dita liberal quer esses recursos para apoiarem a iniciativa privada, numa contradição com os seus fundamentos, afinal, quem defende que o mercado se auto-regula sem o estado não deveria depender de tais recursos. Em suma: no fundo de tudo está a indisposição da elite para pagar impostos que sejam revertidos em benefícios para os pobres.
PS: na retenção de recursos, a verba para o Ministério do Meio-Ambiente foi praticamente zerada, mostrando que falta prioridade para a área, como denunciou ontem a ex-Ministra Marina Silva.
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