De pouco valerá uma queda substancial na SELIC pelo COPOM, se, na ponta do crédito, os juros não se alterarem. A única coisa que o governo pode fazer para combater as altas taxas de juros aos consumidores e empresas é usar os bancos públicos para tomarem a iniciativa de baixá-los.
O Estadão de hoje informa que Lula chamou os dirigentes da CEF e do BB para uma reunião hoje, tendo como pauta a redução das taxas. Quando o Presidente faz isso, toma uma decisão política, que, na CEF, banco público, certamente terá efeitos mais imediatos que no BB, empresa de economia mista, que vem competindo com os principais bancos de mercado. E, por isso mesmo, argumentará que a decisão política afetará sua rentabilidade, reduzirá o superávit primário,etc.
Como os bancos brasileiros estão sólidos, até porque operam praticamente sem riscos escorados no financiamento da dívida pública que paga os juros mais altos do mundo, o governo não deverá fazer estatizações como na Inglaterra e outros países europeus, a título de ajuda. Por outro lado, a CEF é muito pequena para a tarefa de referenciar os juros, e o BB é a ferramenta mais forte.
Diz o jornal "...Em uma das operações mais comuns, de financiamento de capital de giro prefixado, o juro médio do BB está em 2,47% ao mês, maior que o do Itaú Unibanco e Safra. A Caixa cobra 2,20%, mais que o Citibank. Nas operações para as famílias, as instituições públicas têm taxas mais vantajosas. No crédito pessoal, Caixa e BB chegam a cobrar metade do juro de alguns concorrentes. Mas, no socorro mensal de muitos brasileiros, o cheque especial, a vantagem não é tão grande. A Caixa cobra 6,73% ao mês e tem a menor taxa entre os grandes. O BB, no entanto, cobra 8,14%, mais que Bradesco e Safra e próximo do Itaú Unibanco, que cobra 8,63%...."(vide matéria completa aqui).
Lula deve deixar a passividade e agir com força para que a redução dos juros seja efetiva. Isso não descarta tirar Meireles do Banco Central, substituir a direção do BB ou mesmo estatizar completamente o banco, para que seja um instrumento de intervenção governamental na economia.
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