A falência do liberalismo capitalista vem expondo toda a incoerência dos que colocam o mercado como um divindade. Os seus expoentes tentam dizer que há uma "marolinha" no mercado, e que a intervenção estatal é apenas complementar, como um empurrão para o capitalismo liberal pegar "no tranco". Até outro dia, privatização era um remédio para todos os males. Agora, gente como o Prêmio Nobel e economista neoliberal Paul Krugman, já se rende aos fatos e começa a discordar do discurso quase unânime da mídia.
No seu artigo de hoje em "O Globo" , entitulado "Pacote de banqueiros", afirma existir preconceito da mídia a favor do setor privado e de sua pretensa genialidade nos negócios, em detrimento da capacidade de gestão do governo, mesmo quando esse põe o dinheiro para salvar as instituições. Ora, quando um neoliberal defende a capacidade do Estado gerir melhor os recursos que a iniciativa privada, pelo menos no sistema financeiro, temos uma mudança radical e oportunista de visão, pois os liberais até agora vêm defendendo com unhas e dentes a desregulamentação, que foi responsável por parte da crise.
Krugman vê a intervenção estatal como inevitável para salvar os bancos americanos que estão na fila para falirem, e deve ter escrito tendo presente a idéia que saiu das reuniões de Davos para criarem um "banco podre", ou seja, para tirarem dos bancos privados tudo de ruim para uma entidade onde o tesouro arcaria com os prejuízos. E, claro, a parte boa dos bancos geraria os lucros para os acionistas. Então, já que é inevitável, conclui que o governo deveria deixar de dar dinheiro aos bancos sem contrapartida, como vem fazendo, e deveria comprar os bancos via mercado, já que suas ações não valem nada.
Termina o artigo dizendo que "se o contribuinte paga a conta, por que não se tornar dono, pelo menos até que os compradores privados apareçam?" Essa heresia de Krugman deve ter feito Adam Smith dar umas três voltas no seu caixão.
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