Há 45 anos, em 31 de março, o país fervilhava em discussões políticas e começava a fazer reformas que confrontaram a elite vigente de latifundiários e do incipiente empresariado nacional. E também era época de guerra fria, de recentes revoluções, como a cubana, e de muito anticomunismo em meio às lideranças políticas de direita, como Carlos Lacerda, Adhemar de Barros e o banqueiro Magalhães Pinto. Jango não resistiu e deixou o país. Em seguida, Ranieri Mazzili passou o governo ao general Castelo Branco.
Estes governadores eram concorrentes às eleições presidenciais de 1965, e achavam que Castelo Branco faria a transição aos civis rapidamente via eleições, expurgado o populismo e a esquerda. Acabaram sucumbindo às ambições, pois os militares tinham o seu próprio projeto, e veio a ditadura.
Os militares baixaram os Atos Institucionais e saíram cassando os direitos políticos de muitos que os apoiaram, em nome do combate à corrupção. Somente 25 anos depois, e passando por um processo de "distensão lenta e gradual", ou seja, sob controle da elite, foram realizadas eleições diretas. Por ironia do destino, foi eleito Collor, que fora da Arena, partido da ditadura, prefeito biônico (nomeado) de Maceió.
O golpe de 64 veio para ficar por uma geração, apoiado pelos americanos, assim como todas as demais ditaduras militares da América Latina. Tempo de trevas e chumbo. Fortunas foram feitas através da corrupção que não conhecia limites, com as liberdades democráticas cerceadas, com a censura à imprensa e a repressão violenta a qualquer forma de contestação. Prevaleceu o coturno, a gorilada, acima da sociedade, pisando nela.
Essa data vergonhosa deve estar sendo comemorada hoje por alguns esclerosados que insistem que fizeram uma revolução. Como o golpe manteve tudo que havia antes, o termo revolução é mais uma expressão de vontade da truculência parecer ter feito algo positivo. Hoje estão na lata de lixo da história, restritos aos sites da extrema direita e a alguns clubinhos, babando, estrebuchando e conspirando contra o governo de um operário eleito democraticamente.
No final, venceu a democracia, e a sociedade vê 1964 como algo nefasto, e seus líderes, como vendilhões da pátria a serviço do Tio Sam. O prejuízo que causaram ao Brasil foi incomensurável, um atraso de décadas no desenvolvimento social.
Concordo inteiramente com você, a ditadura de fato ocorreu com total apoio e incentivo dos EUA, aliás não só no Brasil, mas em vários países da América Latina para conter a "ameaça do comunismo" que avançava em Cuba e no leste europeu. Mas com a abertura política e a nova república, criou-se uma esperança de mudança no país, esperança essa que logo caiu por terra quando começamos a ver que apenas o regime político tinha mudado, mas os políticos continuavam os mesmos.
ResponderExcluirQuero confessar que sempre fui uma eleitora do Lula e tive realmente fé de que com ele as coisas seriam direfentes, mas chego a conclusão que todos eles são iguais e que Lula não passava na realidade de um pelego. Você que é uma pessoa tão politizada e tão integrada com o mundo político, me diga: em quem devo votar e acreditar? Qual sua opinião sobre ele? E o que estão fazendo com o delegado Protógenes, transformando-o em algoz para que os verdadeiros criminosos sejam encobertos?
P.S. Você já assistiu a um filme chamado "O Atirador"? Assista-o e me diga se não é o mesmo que fazem com o Protógenes.