O futebol parece mais democrático que a política. Um político pode enterrar um estado, fazer todo tipo de bandalha no Senado, e ficar 50 anos no poder, mesmo que a sua cabeça se pedida pela sociedade. No futebol, um técnico não dura muito pelos maus resultados, mesmo que os cartolas insistam em mantê-lo. Assim foi com Cuca, técnico do Flamengo, finamente demitido ontem, depois de mais um medíocre empate para um time pequeno, em pleno Maracanã. No fim do jogo, a torcida gritou "Fora Cuca" em alto e bom som. Aí náo teve cartola que segurasse.
O que diferencia a política partidária do futebol é a paixão, o valor que representa na mente das pessoas. As torcidas sofrem mais objetivamente com os maus resultados do time que com as políticas partidárias. Chegam a invadir treinos e ameaçar técnicos, cartolas e jogadores em busca de soluções, mas não fazem o mesmo com a política, onde reina a passividade e a esperança de que apareçam "salvadores da pátria" que façam por eles os seus deveres.
Se houvesse clamor popular pela saída de Sarney e pelo fim da bandalheira estrutural chamada Senado, o cartola Lula não seguraria a barra. Jogando prestígio e biografia na lama, Lula, referindo-se ao episódio mais recente de patrimonialismo da família Sarney, disse que "uma coisa é matar, outra é roubar, outra é pedir um emprego, outra é relação de influências e outra é lobby". Refém das chantagens do PMDB, Lula parece aqueles pedintes de sinal de trânsito que têm um discurso padronizado, tipo "moço, eu podia estar matando e roubando, mas estou aqui só pedindo um auxílio". No caso Sarney, é "só um empreguinho". Coisa pequena...
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