Flagrado com funções administrativas no estatuto da Fundação Sarney, que recebeu verba de patrocínio da Petrobrás para organização do acervo e repassou parte a empresas fantasmas, Sarney tem que enfrentar duas novas frentes de combate: a acusação por queda de decoro parlamentar e a investigação da sua fundação pelo Ministério Público.
Sarney está desesperado vendo ruir o seu império de 50 anos, construído às custas do Maranhão ser hoje um dos estados mais miseráveis do Brasil, mesmo sendo potencialmente rico. Primeiro, instalou a CPI da Petrobrás para tentar acalmar os opositores no Senado, que querem a sua cabeça para justificar toda a bandalheira e manter tudo como está, com o seu sacrifício. Ontem anulou os "atos secretos", o que trará mais e mais denúncias, já que o organismo vivo da burocracia do Senado retaliará tal ato, podendo sobrar para muito mais gente. Por fim, o PMDB, que assinou o pedido de CPI da Petrobrás para pressionar o governo Lula a criar a estatal do pré-sal e entregá-la aos seus feudos, sairá enfraquecido do processo com a possível queda ou continuada desmoralização de Sarney, sendo obrigado a atuar na CPI para blindar seu presidente de honra sem nenhuma condição de exigir vantagens do governo Lula.
Cabe ressaltar a hipocrisia que cerca o processo. O Senado, se vier a cassar Sarney, será porque ele mentiu ao negar sua participação ativa na Fundação Sarney, e não pelo "conjunto da obra" de apropriação do patrimônio público ao longo de sua carreira, onde apenas uma pequena parte está sendo exposta agora. Isso não acontecerá, porque lhe restará a alternativa de renunciar antes, e depois voltar a se eleger pelo infeliz estado do Amapá, onde mantém um endereço eleitoral frio, mais uma das suas armações, já que a memória do povo é curta e o dinheiro para eleição é grande.
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