Desde a bandalheira do mensalão, o PT perdeu a moral até com Lula, que governa independente, ao sabor das engenharias políticas que saem da sua cabeça. Agora no episódio da fritura de Sarney, o PT até ensaiou pedir a Sarney para sair, mas o Planalto (Lula e Dilma) bateu na mesa e mandou salvar o coronel maranhense para manter a governabilidade, como se o mundo fosse acabar com a queda dele.
Lula faz o discurso como um refém de uma chantagem. Uma crise com o PMDB pode comprometer a eleição de Dilma, pensa ele. Por outro lado, uma ruptura do PMDB a essa altura do campeonato significará deixar um bando de governadores da sigla sem obras para inaugurar, já que todos dependem de verbas federais, e alguns milhares de cargos na máquina pública entregues a um ano das eleições de 2010. Para o PMDB, romper com o PT agora seria um desastre. Além do mais, hoje o candidato da direita mais à direita, José Serra, já tem o apoio de um bando de dissidentes do PMDB, como Jarbas Vasconcelos.
A operação de salvamento de Sarney está desviando o foco para o papel do DEM como operador da bandalheira, já que a 1a Secretaria do Senado está sob controle desse partido desde o tempo que era PFL, há 14 anos. E é de lá que parte toda a administração das contratações, os "atos secretos", os contratos superfaturados com fornecedores, enfim, toda a corrupção. E as vestais do DEM, com Agripino Maia à frente com uma cara de pau envernizada, dizem que não têm nada a ver com Sarney, que só botaram ele na presidência, mais nada...
O pragmatismo de Lula é a subestimação do poder que detém e da popularidade que goza. Nunca na história deste país foi tão fácil colocar em questão a instituição Senado, que tem como papel conservador o bloqueio ao poder do presidencialismo. Deixar Sarney sair e puxar uma forte campanha de moralização do Senado seria uma forma do PT angariar respeito e entregar à opinião pública toda a bandalheira, já que o partido tem pouco a dever. Mais ou menos como naquela definição de poder: ser poderoso é manter mais preso o rabo dos outros que o seu próprio. Isso o PT pode fazer, porque de bandalheira, a direita é secular no Senado.
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