Um dia depois da alta da última internação, o vice-presidente José Alencar voltou ao hospital novamente com problemas relacionados ao câncer que o compromete há vários anos. A preocupação com o seu estado de saúde transcende à solidariedade humana, e ao desejo da sua sobrevida com qualidade. O eventual falecimento de José Alencar comprometerá a estratégia do final do governo Lula, pois, na vacância da presidência, assumirá o presidente da Câmara, Michel Temer, do PMDB .
A muito curta memória nacional já não se lembra mais que Temer apoiou Alckmin contra Lula em 2006, e hoje faz parte da base aliada graças ao fisiologismo do PMDB. Além disso, como o PMDB não tem qualquer pudor mesmo em breve espaço de tempo, basta uma viagem de Lula ao exterior para decisões serem tomadas para beneficiar os apaniguados do partido. Exagero?
Mais uma vez refresco a memória nacional: em 1989, num breve lapso de 3 dias, o então presidente Sarney viajou ao exterior e, como não tinha vice, já que era o vice de Tancredo Neves, o presidente da Câmara, o deputado cearense Paes de Andrade, do PMDB, assumiu na vacância. Seu primeiro ato foi transferir temporariamente a capital para a sua cidade natal, Mombaça, no interior do Ceará, levando no avião seus ministros. Aproveitou a oportunidade ímpar para ordenar a construção de uma barragem para abastecimento, que vinha sendo postergada desde 1910. A República de Mombaça foi um exemplo do que o PMDB pode fazer numa interinidade.
A demanda de Lula por viagens ao exterior vai ser forte até o fim do seu governo, já que o Brasil vem se colocando como potência soberana e ensaiando dar cartas nas decisões globais. Quem é de reza vai ter que orar muito para nos livrar do câncer que debilita José Alencar e do câncer político do fisiologismo peemedebista, na sua ausência.
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