Hoje o Supremo Tribunal Federal rejeitou a acusação contra o ex-ministro Palocci de quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo, que disse ter testemunhado a presença do político numa casa de "entretenimento masculino" em Brasília, fazendo negócios escusos. O episódio derrubou o ex-presidente da CEF e o próprio ministro. A documentação mostrou depósitos na conta do caseiro em valores relativamente altos, e houve, na época, insinuações que teria recebido da oposição para testemunhar contra o ministro. Moral da estória: o ministro está liberado do processo, com direitos políticos intatos, e o pobre caseiro não consegue emprego pela deduragem.
A ex-secretária da Receita Federal Lina foi lançada aos holofotes e aos leões pela oposição, na tentativa de desmoralizar a pré-candidata oficial de Lula, Dilma Roussef, dizendo que a ministra pediu para acelerar o processo de fiscalização sobre empresas do filho de José Sarney, dando a entender que era para arquivar o caso. O caso esbarrou na negativa da ministra sobre a existência da tal reunião, na ausência de provas em agenda e, por fim, pela negativa do Planalto apresentar fitas e registros de acesso ao palácio, alegando razões burocráticas, privacidade, etc.
Vi anteontem no programa "Entre Aspas" da Globonews uma mesa de debate com três debatedores da área tributária, sendo um deles o ex-secretário Everardo Maciel, uma série de ataques a Lina. O tema do programa era a influência política na Receita. Todos os entrevistados disseram que nunca viram isso por lá. Maciel chegou a dizer que, se Lina teve a tal reunião e se houve a tal ingerência, deveria ter denunciado na época e, por não tê-lo feito, incidiu em prevaricação. Noutro momento a palavra "desastrosa" foi usada para qualificar o trabalho da equipe de Lina, que não teria planejado a fiscalização para 2009, o que teria sido uma das causas da queda de arrecadação. Por fim, os debatedores foram unânimes em dizer que a Petrobrás fez a operação contábil correta, não havendo motivos para a quebra de sigilo que gerou a CPI em andamento no congresso. Alguém chegou a dizer que a equipe não tinha conhecimento técnico para entender a contabilização. Pasmem: isso foi numa empresa da Globo, que vem jogando toda a lenha na fogueira para criminalizar Dilma e o Governo no episódio.
O mais interessante da manipulação neste caso é que eu não vi em em nenhuma entrevista ou depoimento ela afirmar que alguém pediu para encerrar a investigação, apenas para acelerá-la. O governo mostrou hoje que o contrato dos equipamentos de gravação de imagens previam o armazenamento por um mínimo de 30 dias, e não os 6 meses divulgados ontem na mídia. E ainda mostrou um relatório com os registros que seriam das visitas de Lina ao Planalto, nenhum com a data da tal reunião. Daqui a pouco o caso cai em esquecimento, e a ex-secretária Lina, exposta irresponsavelmente à execração pública pelos poderosos, pode ter perdas à sua imagem e reputação e eventuais prejuízos à sua carreira, a exemplo de Francenildo. No fim, fica o dito pelo não dito, e a corda arrebenta do lado do mais fraco.
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