Os tablóides do Rio , todos os dias mostram a queda de algum bandido de primeiro escalão, seja do segmento das drogas, seja da milícia ou da área de roubos e furtos. Isso mostra avanços que estão sendo conseguidos pelo melhor planejamento das ações policiais, com mais uso de inteligência e tecnologias. Tais notícias, quando considerada a existência de mais de 600 comunidades dominadas pelo crime, indicam que seriam necessários quase dois anos, à base do desmanche de uma quadrilha por dia, para cobrir toda a jurisdição.
O governo do Rio tem experimentado a política de ocupação cidadã de comunidades, através das Unidades Policiais de Pacificação (UPP), já implantadas na Cidade de Deus, Santa Marta, Batam e Chapéu Mangueira, envolvendo um contingente de 500 policiais. O secretário de Segurança José Beltrame diz já ter planejado a ocupação de mais 40 comunidades, e que o seu limite é o contingente policial disponível. A técnica é abafar o crime organizado nos locais, e reimplantar a presença do Estado no local, trazendo direitos de cidadania em todas as áreas, e organizando a população para criar "anticorpos" ao domínio do crime.
O morro Dona Marta virou vitrine do projeto. Com a supressão das redes criminosas, os serviços públicos voltaram a ser direito de todos, e a ação social tenta mudar a cultura dos mais de 50 anos de domínio pela lei do crime. Políticas de inclusão social, de criação de emprego e renda, mutirões e obras públicas fazem parte do pacote. Na Cidade de Deus, o BOPE ainda ocupa locais onde remanescem atividades do tráfico. Ontem houve até concerto de música na CDD, com a presença da Orquestra do Theatro Municipal.
Apesar do sucesso restrito às comunidades, a quebra do poder paralelo do crime no Rio não parece uma tarefa viável. Quando se tira uma quadrilha de um território, ela migra para outro, e começam os choques pelos mercados mais rentáveis. Essa exportação do crime pode se destinar a outros municipios e estados. Além disso, qual seria o contingente policial necessário para cobrir toda a cidade, já que a média até aqui é de 50 policiais por comunidade? Será que esses contingentes policiais não criarão novas milícias, que são quadrilhas de policiais que tomaram o poder e extorquem os moradores comunidades? O desenho das ocupações atenderá a uma estratégia permanente ou se limitará a pressões políticas para valorização das áreas mais ricas da cidade?
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