Segundo dados do IBGE publicados ontem, o PIB brasileiro do segundo trimestre de 2009 cresceu 1,9% em relação ao primeiro trimestre, configurando o fim da recessão técnica. Em todos os setores há sinais de recuperação. A indústria, apesar de estar retomando o crescimento, ainda tem uma retração forte em relação aos níveis do ano passado.
O dado que chama a atenção é o efeito do consumo das famílias no resultado. Mesmo com crise e demissões, a massa salarial continuou crescendo, em boa parte pela manutenção dos reajustes do salário mínimo, dos servidores e pela ampliação dos programas sociais de transferência de renda. Junto com a política de renúncias tributárias, como a redução do IPI para bens de consumo, aliada à concessão de crédito pelos bancos públicos e a programas do PAC e habitacional, o país não parou a partir da intervenção do estado, e agora é o primeiro da América Latina a emergir do buraco da crise.
Lula não poupou críticas no desabafo, ao anunciar a boa notícia. Disse que o resultado do último trimestre de 2008 foi muito ruim porque a crise foi inflada pela mídia, que incutiu o medo nas pessoas, e que o Brasil não afundou na crise graças ao consumo pelos mais pobres. Do outro lado, vi comentários atribuindo ao "sólido parque industrial" deixado por FHC a causa da recuperação. Se fosse isso, os parques industriais da Europa, EUA e Japão não seriam sólidos? O que contribuiu mesmo foi a intervenção do estado, essa que causa arrepios num bando de economistas de presépio, de oposicionistas agourentos e na mídia das tetas "liberais", os grandes derrotados com a volta do crescimento e a perspectiva de PIBs positivos para 2009 e crescente em 2010, ano das eleições.
O fato é que as eleições são definidas pela economia. Lula, sabendo disso, passa mais uma marcha no seu trator político e se torna mais arrogante, certo da eleição da sua sucessora, e vai governando sem dar muita bola ao que dizem dele ou do seu governo, mesmo com leve queda na imagem de ambos. A crise foi mesmo uma "marolinha" para o Brasil, conforme prevista por ele, o que reforça o seu papel de "líder visionário", mas a humildade é sempre recomendável.
Falando em imagem, o Banco do Brasil e botou no ar uma oportuníssima campanha de TV explorando o fato de ter dado crédito para o país sair da crise quando os bancos privados se escondiam dos riscos. A mensagem tipo "eu estava aqui quando o país e você mais precisou" é muito forte para a reputação da marca, e não é mentira, já que a intervenção de Lula tornou mais público o BB e mais útil aos brasileiros. Contrariando propagandas de anos anteriores, a campanha reforça como é positivo ter um banco "do Brasil". Até outro dia, era o banco da fulana e do sicrano.
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