A Vale é uma empresa privada, por obra e graça de FHC, que a vendeu a preço vil. No bloco que a comprou, e constitui a Valepar, que dirige a empresa, estão os fundos de pensão do BB, CEF e Petrobrás com 49% do controle. Isso não dá maioria, mas deve ser considerado na hora da estratégia da empresa, que tem sido de olhar apenas para o lucro sem considerar a maximização dos resultados para o país, como a geração de empregos. Com a crise, a Vale demitiu, fechou unidades e suspendeu investimentos, enquanto o governo, via Petrobrás e PAC, vem fazendo grande esforço para fazer o país sair da crise em posição de vantagem.
Fundo de pensão não deveria estar na conta do governo, mas a legislação suprime o poder dos funcionários no comando e dá às empresas controle da governança, fazendo-os, na prática, ser apêndices do poder governamental. Foi assim no governo FHC, quando esse mandou comprar ações das empresas em privatização, e agora no governo Lula, tem mais ingerência nos negócios das empresas participadas. Já que a coisa funciona assim, com o governo contabilizando como seus os 49% do controle, o bloco majoritário, apesar do poder sobre os destinos da empresa, não pode agir como se do outro lado houvesse uma participação acionária pulverizada, sem poder de pressão. Tem que ouvir e ponderar o que o outro lado fala, a bem da governança.
Lula disse que o presidente da Vale fica confortavelmente sentado num escritório com ar condicionado, deixando de trabalhar para agregar valor às "commodities" que exporta, enquanto os demais setores da economia ralam para crescer e ganhar espaços internacionais. O mercado e seus alto-falantes da mídia choram com as cobranças, pois entendem que empresa privada deve se preocupar com os lucros e lixar-se para as demandas sociais, que entendem suprir apresentando em belas páginas de balanço a participação em projetos paliativos na área social.
Em países capitalistas avançados os governos estabelecem relações de parceria com algumas empresas estratégicas para ganhar mercados, e isso exige contrapartidas do lado privado, já que do lado público, a princípio, a visão é social. Exigir que empresas atuem no esforço do país e não apenas para os lucros dos acionistas é papel do governo, e isso não é intervenção. Faz parte da soberania, coisa que os mercadejantes não sabem mais o que é.
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