No jornal "O Globo" de hoje li que, no Rio, o número de idosos já é quase igual ao de jovens, na sua principal manchete. Noutro dia vi um trabalho da FGV que mostrava que 28% das receitas das pessoas no Rio vêm de benefícios de aposentadorias e pensões. Seria de se supor que esses dados demográficos e econômicos deveriam fazer do Rio um lugar preocupado com os idosos. Uma rápida olhada nos serviços públicos mostra que isso está longe de acontecer.
Em termos de acessibilidade, encontramos rampas para cadeirantes em algumas avenidas onde foram feitas obras do Rio Cidade. Em muitos prédios públicos, as soluções de rampas mereceriam que os seus projetistas fossem condenados a subi-las e desce-las várias vezes, de tão íngremes ou estreitas, sem apoios. Para os deficientes visuais, as coisas são muito piores. Num grande banco cheguei a ver uma mesa colocada sobre o piso tátil, ou seja, alguém que use a guia dará uma topada. Isso atinge, em grande parte, o contingente de idosos.
Nos supermercados a coisa começa no estacionamento, onde não se respeita as vagas para idosos ou deficientes, e isso na maior cara-de-pau, sem qualquer preocupação dos faltosos com a lei, muito menos com a ética. Na destinação dos caixas, o idoso que usar seu "privilégio" de caixa exclusivo para, junto com deficientes e gestantes, ficará mais tempo que um outro cidadão "não especial". Onde as filas são únicas, que é o caso de alguns bancos, o atendimento preferencial a tão grande contingente acaba criando estresse entre os demais, já que as filas não andam.
Para quem vai ter uma Copa em 2014 e uma Olimpíada em 2016, e faz o discurso de "choque de ordem" em nome da cidadania, a atual situação de subdimensionamento dos acessos aos serviços públicos só tenderá a piorar. Considerada a incipiente estrutura de transportes que agora aparece na forma de destruição de trens e estações, parece que a turma do COI que andou por aqui não viu muita coisa.
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