domingo, 14 de março de 2010

Globo aposta no fracasso de Lula em Israel

Depois de ver no blog do Noblat a matéria "Lula provoca incidente diplomático em Israel" porque teria se recusado a colocar flores no túmulo de Theodor Herzl, criador do movimento sionista, que seria um desrespeito ao protocolo oficial do país, segundo teria dito uma fonte do Ministério do Exterior de Israel ao site Guysen. Noblat faz o contraponto dizendo que Lula colocará uma coroa de flores no túmulo do palestino Yasser Arafat, na Cisjordânia. No " efeito-borboleta Globo", basta um dos seus publicar um pequeno post que ela transforma num escândalo, e já está em todos os noticiários o "incidente diplomático" que nunca existiu. Até exportam.

No site do Ministério das Relações Exteriores está postada a programação de atividades em Israel, e nada consta sobre a tal visita que "Lula teria ser recusado a fazer". Além do que causaria problemas porque o sionismo é polêmico, tendo a Assembléia Geral da ONU aprovado em 1975 a Resolução 3379, onde decretava que " o sionismo é uma forma de racismo e de discriminação racial". Essa resolução foi revogada em 1991, contra o voto dos países árabes, por isso o governante brasileiro deve abster-se desse tipo de homenagem, que poderia significar parcialidade a favor de Israel ou insulto aos demais povos da região oprimidos por Israel.

A visita de Lula pode passar despercebida, a não ser pelo fato de passar uma noite na cidade de Belém, na Palestina, o que é inédito para um chefe de estado estrangeiro. Fora isso, os jornais locais, como o Haaretz e o Jerusalem Post nada trazem sobre a visita de Lula. Estão mais preocupados com a crise causada pelo anúncio da construção de 1600 casas israelenses em território palestino de Jerusalem, que coincidiu com a visita do vice-presidente americano, Joe Biden, e despertou protestos em todo o mundo.

A secretária de estado americana, Hillary Clinton, disse que isso foi um insulto a Biden, que tinha ido lá tentar reabrir as negociações entre Israel e os palestinos. Pareceu provocação para detonar a iniciativa americana. O primeiro-ministro israelense Netanyahu disse que "não sabia de nada" e "mandou investigar", sem mandar parar as obras. O fato é que as relações com os EUA ficaram estremecidas, os palestinos estão nas ruas para protestar contra as casas e o fechamento do acesso a dois dos seus templos sagrados. E Lula, no meio dessa crise, pode passar despercebido, porque tudo conspira contra negociações de paz neste momento. A não ser que "o cara" faça algo excepcional, como é esperado por lideranças dos dois lados que acham a mediação do Brasil "honesta" .

Para a Globo isso é pouco. Se não fizer gafe, vão ter que inventar. Se Lula tiver sucesso, pode ser indicado para Nobel da Paz, Secretário Geral da ONU e querem torpedear isso a qualquer custo. Chegaram até a alardear, com base numa matéria de um jornaleco americano, que as declarações de Lula sobre os presos de Cuba já teriam detonado as suas pretensões a Secretário Geral da ONU. Como disse o jornalista Luiz Carlos Azenha, a Globo empregou e demitiu Lula no mesmo dia.


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