terça-feira, 16 de março de 2010

Oriente Médio : Governo Netanyahu é obstáculo à paz

A gente acha que direitista no Brasil é o pessoal ruralista, que monta milícia para emboscar sem-terras que tentem ocupar seus latifúndios, por serem improdutivos ou propriedades griladas. Ou que é parlamentar que defende o fim de programas sociais ou a privatização de tudo. Perto dos políticos de Israel, eles são extrema esquerda. Fazendo um paralelo com a "nossa" direita, é como se os de lá tomassem as terras dos assentamentos dos sem-terra. São tão à direita que até o marechal do reacionarismo da Veja disse que não tem simpatias por Avigdor Lieberman, o tal primeiro-ministro que boicotou Lula porque não quis ir ao túmulo do criador do sionismo.

O governo Netanyahu é uma dessas coalizões instáveis, montadas em cima da concessão de ministérios, para ter maioria apertada no Knesset, parlamento israelense. Do saco de gatos participam direitistas, ultra-direitistas, ortodoxos, ultra-ortodoxos e ... o Partido Trabalhista. Num mesmo governo tem um fascista como Lieberman, que em primeira instância é quem negocia propostas de paz, pregando que se bombardeie a represa de Assuã no Egito e que seu presidente "vá para o inferno", e os trabalhistas falando em negociar com os árabes a autonomia dos territórios palestinos.

Durante a visita de Lula à região, as TVs mostraram pouco as intensas manifestações que estão acontecendo em Jerusalém. Ultra-ortodoxos religiosos queriam colocar na mesquita de Al-Aksa, lugar sagrado dos islâmicos, uma pedra fundamental para a construção do Terceiro Templo, ou seja, uma declaração de guerra insana de fundo religioso a todos os demais da região. E ainda querem que os Estados Unidos segurem essa onda. O governo Obama não sabe mais o que faz para parar com essa perigosa irresponsabilidade. Estão numa sinuca de bico, porque se colocam irrestritamente ao lado de Israel contra o Irã, e têm que contemporizar com as provocações do governo de Netanyahu.

Lula tem que sair de lá o mais rápido possível. Suas belas intenções de paz cairam no vazio, e ficou como saldo positivo a missão principal, de fortalecimento de relações comerciais com Israel e de prospecção de negócios com a Palestina. O Brasil ficou bem na foto com todo mundo, inclusive por ter rejeitado a submissão ao ministro Avigdor, que é odiado por grande parte da comunidade judaica lá e aqui.

Se a escalada de violência se ampliar, massacres poderão acontecer e o Irã pode tomar uma ação mais efetiva, a partir do Hamas, a quem apóia. O governo Obama, usando do poder que tem como principal patrocinador do estado de Israel, poderia forçar a queda deste governo e à composição de um novo governo, com a escolha de um novo primeiro-ministro por Shimon Peres. Sem isso, qualquer iniciativa de paz é malhar em ferro frio. "Nossa" mídia vai explorar muito o "fracasso" de Lula.


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