Acatando a denúncia brasileira de prática abusiva em relação ao algodão, a Organização Mundial do Comércio autorizou o Brasil a retaliar (responder à iniciativa abusiva), podendo sobretaxar produtos "made in USA" até o montante de quase 900 milhões de dólares. O governo brasileiro fez uma relação de produtos industrializados e insumos como o trigo, e aumentou as alíquotas para importação, o que deverá valer dentro de um mês, caso os Estados Unidos não revejam sua postura desleal no comércio com o Brasil.
Tio Sam não está acostumado com essas coisas, ficou indignado, e mandou dois emissários que chegarão hoje ao Brasil para esculachar as autoridades brasileiras, afinal, nunca na história deste continente alguém fez isso com eles, que têm o poder imperial de decretar embargos comerciais a qualquer país que não reze no seu catecismo. O jornal Financial Times diz que poderá haver guerra comercial. E se tiver? Não há um só produto fabricado pelos EUA que interesse ao Brasil que não seja produzido por outros países, e que estão doidos para exportar por causa da crise que os assola. Vão deixar de comprar nossos produtos por causa da retaliação autorizada pela OMC? Vão tomar outro processo.
No governo Lula, a dependência comercial em relação aos Estados Unidos caiu muito, com a pulverização de parceiros. Já mandamos a Alca para o espaço, por que não peitar as ameaças de "retaliação da retaliação"? Se esta acontecer, deixará mais visível a postura truculenta da America em relação aos mais pobres e fracos, apesar de todo o discurso bonito que rendeu, indevidamente, um prêmio Nobel da Paz a Obama.
Será um teste de soberania, porque Obama é uma coisa, Hillary é outra, e é ela quem manda nesse assunto. Muito provavelmente na sua recente visita deve dado algum recado sobre isso, e não foi atendida. Para Hillary, não tem esse discurso de aproximação com as Américas do Obama, pois representa no partido Democrata os interesses do empresariado dito liberal . É a lei do mais forte mesmo.
Nossa mídia colonizada apostará num acordo rebaixado ou atemorizará o governo para não ofendermos os seus senhores. Por outro lado, há uma gama de empresários brasileiros que quer a confrontação para poder vender mais lá fora. Espero que o governo seja coerente com as atitudes que vem tomando até aqui em termos de política externa, e continue firme na defesa dos interesses brasileiros. É assim que se constrói o respeito.
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