quarta-feira, 16 de junho de 2010

Maracanã : 60 anos de improviso



Hoje o estádio Mário Filho, o Maracanã, que já ostentou o título de "Maior estádio do mundo", completa 60 anos. Foi construído às pressas para a Copa do Mundo de 1950. Segundo meu avô materno, faltando poucos dias para a abertura da Copa a empreiteira responsável pela obra, vendo que não teria recursos para tirar todo o escoramento, abriu o canteiro de obras e liberou a quem quisesse retirar todo o madeiramento que pudesse levar. Virou Serra Pelada, parecendo um cupinzal, com milhares de pessoas retirando tábuas e caibros para construir casas nas favelas das áreas próximas. E assim o Maracanã ficou "pronto" no prazo.

No Rio, no meu tempo de adolescente, era comum apelidar uma pessoa grande, desajeitada ou feia de "Maracanã", ou seja, grande e mal acabado. Nas fotos dos cartões postais, a grande distância era o segredo para esconder a falta de acabamento e as imperfeições de uma estrutura bruta. Por anos deixou de ter manutenção, o que piorou mais ainda seu estado. Nos jogos Pan Americanos de 2007 passou por uma boa reforma, reduzindo sua capacidade, melhorando os imundos banheiros e colocando cadeiras em cima do frio e sujo concreto original. Isso foi insuficiente para atender às exigências da FIFA para a Copa de 2014, e nova reforma terá que ser feita.

No PAN, precisou ser feito o estádio do Engenhão, no bairro do Engenho de Dentro. Apesar de bem construído, moderno e bem acabado, parece um disco voador pousado no meio do bairro, sem obras complementares no entorno que viabilizem acessos, estacionamentos, áreas de lazer e principalmente revitalização do degradado bairro. Nem servirá para a Copa 2014, assim como o Parque Aquático Maria Lenk, do PAN, não servirá para a Olimpíada de 2016 por falta de capacidade de acomodação.

Considerando que agora que os projetos estão sendo aprovados, e que a FIFA exige a conclusão das obras para o fim de 2012, para realizar a Copa das Confederações em junho de 2013, teremos pouco mais de um ano para fazer as adaptações. Isso em meio à fuga de capitais privados para os investimentos, face à crise mundial que não existia quando foi feito o estudo de viabilidade econômica para a Copa no Brasil, e agora, com a possibilidade de "socializarem" os recursos dos "royalties" do Estado do Rio de Janeiro. E, claro, também considerada a burocracia licitatória, os recursos, etc.

Logo alguém falará em modificar a lei de licitações para viabilizar, pela urgência, as obras que o desplanejamento deixaram de realizar em tempo. Ao invés de um Maracanã improvisado, poderemos ter 12 deles, em cada cidade-sede. Ainda hoje o projeto do Morumbi foi rechaçado pela FIFA, e São Paulo, para ter a abertura da Copa, terá que construir um novo complexo esportivo. E aqui só falei de estádios. E as demais exigências de infra-estrutura de transportes, segurança, etc, quanta correria e improvisação teremos pela frente?

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