Hoje, pela 3a vez em 3 meses, uma favela pegou fogo no Parque São Rafael, na capital paulista. Praticamente toda semana há um incêndio em favelas paulistas, não se verificando o mesmo nas comunidades do mesmo tipo no Rio nem em qualquer outro lugar do país. Uma estranha frequëncia, considerando-se que os materiais usados, muitas vezes papelão, madeira e lona, e os riscos de combustão (gambiarras elétricas, botijões de gás) são mais ou menos os mesmos.
No Rio as favelas se desenvolveram, desde o fim da Guerra de Canudos, nas vertentes dos morros, áreas em geral públicas, de reservas florestais. Foram os soldados retornados dos combates que, chegando ao Rio, não encontraram moradia, e ocuparam essas áreas. Depois vieram grandes obras de urbanização no centro da cidade, eliminando cortiços e expulsando mais gente para áreas de risco, como morros e mangues. Há também as ocupações de áreas particulares, feitas por grileiros.
Em São Paulo não há a geografia do Rio, de farta montanhosidade, nem há as áreas de mangue marítimo. As favelas se desenvolvem às margens de rios, em áreas públicas como entornos de viadutos e pontes, e em áreas privadas, que devem ser em maior quantidade que no Rio. Acho que os repetidos incêndios deveriam ser investigados pela polícia, para verificar se há ações criminosas de proprietários querendo retomar as áreas ou mesmo de genocidas incendiários, que não gostam de pobres nem de favelas. Como há situações de risco à vontade, sempre os incêndios parecem acidentais, mas essa freqüência maior que em outras áreas enseja alguma suspeição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário