sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Trabalhando no limite : A violência organizacional nos bancos

Violência organizacional não é o mesmo que assédio moral para cumprimento de metas abusivas, que provocam doenças principalmente no nível operacional. É o modelo de organização e gestão do trabalho que envolve todos os aspectos das relações interpessoais em todas as áreas da empresa, que se desdobra em políticas como: assédio moral, degradação do trabalho, longas jornadas, multifuncionalidade, diminuição da autonomia, apropriação da subjetividade do trabalhador, as privatizações e terceirizações.

O efeito dessa violência estrutural, visando maiores resultados para as organizações, em especial nos bancos, vai ter visibilidade no adoecimento da categoria bancária. Casos de suicídios entre esses trabalhadores fazem parte da história. A categoria bancária tem jornada de trabalho de 30 horas e aposentadoria aos 30 anos desde que lutou e conquistou esses direitos em 1933, com o Decreto-Lei Decreto 23.322.

Essa diferenciação veio a partir da constatação do risco do trabalho bancário à saúde, com problemas como tuberculose e neuroses, e foi estendida a toda a categoria bancária pelo art 224 da CLT, que diz no seu caput: "A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas contínuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana."

Ao longo do tempo os banqueiros pressionaram para incluir parágrafos excluindo os cargos de confiança da aplicação da lei, e são eles que respondem por grande parte das cobranças por cumprimento de metas. Se no tempo em que banco era uma coisa simples, com negócios genéricos de emprestar e guardar dinheiro, já era doentio, imagine-se agora como os efeitos estão sendo muito mais perversos sobre a saúde dos trabalhadores, com toda essa máquina de pressionar por metas para gerar os cada vez mais gordos lucros dos banqueiros.

Recomendo a leitura da dissertação do mestrado em serviço social de Sandro Artur Ferreira Rodrigues, da PUC-RS, que tem como tema " Trabalhando no limite : violência organizacional e assédio moral na categoria bancária". Foi a melhor fonte que encontrei sobre o conceito de violência organizacional.

Um comentário:

  1. Prezados
    o modelo taylorista/fordista implantado no Banco do Brasil aconteceu apos a segunda guerra. colegas do BB estiveram, a pedido do general Mascarenhas de Moraes, fazendo o pagamento da folha em plena batalha na Italia.Ora, aqueles colegas depois desta façanha, voltaram influenciados pelo modelo militar. Prova disto, foi a mudança de nomenclatura dos setores: plataforma, retaguarda etc. os guiches passaram a se chamar bateria e o carimbo do caixa "tanque". quando se ia casar cheques e depósitos com as fichas gráficas, se dizia "municiar".Não ficaria por aí. a hierarquia sempre foi marcante, como modelo decisor.
    abçs
    jose americo s.costa
    jsilvarescosta@yahoo.com.br

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