A Rede Globo tirou do ar a minissérie "Vida Alheia", que retratava o cotidiano de uma revista de mesmo nome, onde a falta de escrúpulos, a armação, a chantagem, a baixaria e principalmente a deformação, tudo em nome de vender mais exemplares. Todos os métodos baixos e torpes, como a invasão de privacidade, a perseguição quase policial a celebridades, em busca do descuido, do erro, do pecado, além de informantes desqualificados, faziam parte da coleta de dados para as matérias "jornalísticas".
A ficção cedeu lugar à realidade do jornalismo de grande mídia destas eleições. Parece que os personagens de "Vida Alheia", desempregados com o fim da série televisiva, conseguiram empregos graduados nas redações de algumas revistas de escândalos políticos e em redações de jornais sisudos que resolveram virar partidos políticos e apoiar uma candidatura destruindo outra.
Em meio a profissionais de imprensa, os sem-caráter dominam a cena, dirigindo as pautas, manipulando os dados, colocando "laranjas" para assinarem matérias de baixo nível. Fica explícita a razão que levou os donos de meios de comunicação lutarem pela desregulamentação da profissão de jornalista, para melhor controlar o que se publica, sempre no sentido da pauta ideológica do patrão.
No domingo passado, a revista Carta Capital publicou matéria sobre uma empresa, onde Verônica Serra, filha de José Serra, era sócia junto com a irmã do banqueiro Daniel Dantas, que teria deixado fragilidades nos seus sistemas que permitiram o vazamento de informações dentro de um universo de 60 milhões de pessoas, em 2001. Não saiu uma linha, um comentário, em qualquer meio de comunicação. Já os escândalos da Veja foram até lidos no Jornal Nacional, repercutidos pela Folha e Estadão, enfim, vomitados sobre um público imenso como verdades absolutas.
Parece que a mídia articulada para o crime contra a democracia, a Quadrilha da Mídia, está queimando os seus navios, tornando a viagem sem volta às condições anteriores. Ou o golpe dá certo, e aí se tornam a Inquisição para levar à fogueira os seus inimigos, ou correrá o risco de perder fortemente a credibilidade, perder espaços de propaganda, principalmente a oficial, e ver surgir outras publicações que vendam informação, e não deformação.
Está difícil derrotar Dilma, mesmo com tanto tsunami forjado e Serra prometendo salário mínimo de R$ 600. Mesmo com os institutos de pesquisa articulados com a Quadrilha da Mídia mantendo Serra na irreal posição de 27% contra os "estáticos" 51% de Dilma, apostam tudo na baixaria, esperando que alguma das suas tentativas consiga abalar a campanha do PT. Mesmo que isso não ocorra a contento, podem forjar a "queda" de Dilma para uns 46%, a "subida" de Serra para uns 30% e "subir" Marina, Plínio e os demais, chegando à véspera da eleição com um "empate técnico" entre Dilma e a soma dos demais candidatos, ou seja, à iminência de um segundo turno armado.
Além de derrotar Dilma, que é estratégico na política, outros fatores podem estar influenciando tantas fichas apostadas pelo cartel da manipulação. Que tal contaminar o ambiente econômico, prejudicando a capitalização da Petrobrás e principalmente o aumento da participação estatal no seu controle acionário? Ou afastar investimentos, apostando na quebra da imagem do Brasil como alternativa para os mercados internacionais? Tudo é possível, quando não se tem nenhum escrúpulo de patriotismo ou não se medem conseqüências de uma convulsão social em caso de roubo de uma eleição amplamente apoiada pelo povo e por Lula, a maior liderança nacional.
Querem que Dilma peça "penico", ou seja, estão querendo uma "Carta aos Brasileiros" nos moldes da que Lula assinou para capitular ao capital em 2002. Dilma não tem qualquer compromisso com aquilo. Nem precisaria, já que o capital confia nela e investe no seu projeto de desenvolvimento. O cartel quer que Dilma pague o "jabá" (propina para ganhar simpatia de mídias) para que voltem aos padrões de civilidade, ou seja, uma oposição com respeito.
Espero que ela e o PT não cedam a essa chantagem, e que a ampla maioria que apoia Dilma tenha a possibilidade de fazer, junto com a grande bancada situacionista que será eleita, algumas reformas que o país precisa para romper com o passado de caudilhos, latifundiários e escroques travestidos de formadores de opinião.
Apesar da Constituição de 1988 proibir no seu art. 220 parágrafo 5° que os meios de comunicação social sejam direta ou indiretamente objeto de monopólio ou oligopólio, as autoridades, reféns do cartel, não tomam providências para acabar com essa ameaça à democracia. É chegada a hora de se levar isso a sério, inclusive a política de concessões públicas, para não sermos uma sociedade dirigida pelo "Grande Irmão". Chega de privilégios aos oligopólios. Pela ampla liberdade de expressão.
Vamos a mais um fim de semana de novos "escândalos". Quem será a bola da vez? Até o presidente do Banco do Brasil já foi bisbilhotado comprando um apartamento em dinheiro, o que não tem nada de mais se não houver ilegalidades quanto ao recurso. Mas os caras foram lá investigar, assim como a Folha mandou gente à Bulgária procurar algum antecedente criminal ou nefasto da família Roussef.
Depois dizem que o PT é uma fábrica de dossiês, que nunca são divulgados, parecendo as armas de destruição em massa do Saddam Hussein. O que o "padrão Vida Alheia" pratica é policialesco e, ao mesmo tempo que "investiga", cria provas, acusa e julga. Isso nunca existiu em algum país democrático. Vamos aguardar o novo tolete, certamente mais poderoso, já que os anteriores não deram resultaso.
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