Nem na manchete aparece o nome completo do evento "Em defesa da democracia e contra o golpismo midiático" ocorrido ontem em São Paulo, no Sindicato dos Jornalistas. Nos demais espaços do jornal, está o "ato contra a mídia promovido pelo PT e pela CUT, que virou ato de campanha a favor de Dilma". O ato foi iniciativa de jornalistas, ao qual aderiram diversas entidades representativas da sociedade. Não foi um ato de elites, como o do Manifesto Pela Democracia, ou ato para calar Lula, na nossa interpretação.
No jornal Extra, que também é da Globo focado no povão, há na capa, em grande destaque, uma charge de Lula como o rei de uma carta de baralho, e dois títulos, dependendo do lado que se veja a carta. "Lula é bonito" e "Bonito, hein, Lula?" com o subtítulo dizendo que Lula quer abafar escândalos batendo na mídia porque estaria incomodado. Isso não é uma atitude isolada do jornalismo da Globo.
Ontem nas explicações da "queda" de Dilma e "subida" de Serra pelo Datafolha, disseram que a candidata do PT perdeu votos entre os mais ricos e de maior escolaridade, e que para ela perder mais votos, teria que haver uma comoção entre os mais pobres, que são a maioria do eleitorado. Ainda ontem O Globo deu um espaço à divulgação de um vídeo que circula pela internet onde um pastor pede que não se vote no PT porque seria a favor do aborto, que foi regulamentado pelo então Ministro da Saúde José Serra, mas isso não aparece na matéria. Hoje há outro manifesto de evangélicos contra Dilma, publicado no jornal como matéria paga, se é que foi realmente paga.
Na coluna de Merval Pereira de "o Globo" de hoje encontramos dados interessantes que contribuem para a estratégia das organizações Globo. Ele parece se colocar entre os tucanos que estão discordando dos rumos da campanha de Serra, que fez da baixaria e da demagogia a base da propaganda. Primeiro diz que a "queda" de Dilma não aconteceu por causa das denúncias envolvendo a Casa Civil. Depois diz que Marina passou Serra no Rio de Janeiro (deve ser porque Gabeira parece ter abandonado Serra e adotou a candidata do seu partido). Fala ainda que a demagogia (salário mínimo de R$ 600, 10% para aposentados, 13° para o Bolsa Família, dinheiro do pré-sal para os aposentados) seria focada no eleitor mais pobre, em especial do nordeste. Por fim, disse que a campanha de Serra não agrada a boa parte dos tucanos.
Interessante no O Globo é que falam que o Ato contra a Mídia (segundo eles) foi coisa da CUT e do PT, mas a própria matéria diz que foi pouca gente porque ambas as instituições não participaram... Já o portal G1, da mesma Globo, faz matéria menos partidária, fala de 500 pessoas no ato, divulga na íntegra a carta dos jornalistas em defesa da ética. Como o foco da guerrilha contra o poder da grande mídia está na imprensa alternativa, de blogs e sites da internet, o G1 pegou leve, afinal, o público é outro e o confronto é direto. A Globo é fantástica: coloca para cada segmento a sua mensagem partidária, mesmo que entre as diferentes mídias apareçam contradições.
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