A eleição está polarizada. Do lado de Serra, o candidato tenta parecer disposto a discutir propostas, enquanto seu comando de campanha articula um arco de alianças com a extrema-direita e uma campanha sórdida de calúnias com base em temas religiosos. Do lado de Dilma, seus assessores parecem alheios aos efeitos devastadores dessa baixaria, tentando dar respostas que não encontram amplificação nos meios de comunicação à altura do apoio que dão às agressões de Serra, e inexplicavelmente não usam o principal trunfo: o sucesso do governo Lula.
Lula pouco tem aparecido nas propagandas e tem 81% de aprovação. Dilma cresceu muito no primeiro turno por causa do seu empurrão. Por que abandonaram a fórmula bem-sucedida por essa tentativa de explicar o inexplicável, já que é assimétrica a disputa midiática? Lula tem que ser colocado à frente da campanha, defendendo Dilma. Só ele tem o poder de fazer a diferença, jogando no campo das propostas, fazendo o escudo a tanto jogo sujo de Serra & Cia.
Lula deveria tirar uma licença de uns 15 dias, deixar o José de Alencar tomando conta da casa, e cair em campo para liquidar essa fatura. Sem isso chegaremos ao dia 31 de outubro com Dilma jurando que é contra o aborto, e Serra ganhando roubado.
Não estou vendo o debate da Rede TV, até porque já sei o que sairá nas manchetes amanhã. Deslizes de Dilma serão escandalosamente explorados na grande mídia, enquanto as falhas de Serra repercutirão nos blogs e entre os gatos pingados que sabem que existe a Rede TV. Os debates não são justos, porque viraram uma espécie de feira livre onde cada um bota suas mercadorias, mas um dos lados tem o poder de oligopólio para distorcer os preços do outro. Por mim, Dilma não deveria mais ir a debates. Não ganha nada com isso, ou pior, só tem a perder. Não há ambiente democrático para esse tipo de debate-armadilha.
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