Não culparia a campanha de Marina pela protelação da definição da eleição presidencial no primeiro turno. Marina tem o mérito de levar o inexpressivo PV de uma insignificante legenda de linha auxiliar do PSDB até os 7 a 8% que tinha até cerca de um mês atrás, dando-lhe credibilidade tanto por sua postura pessoal, pelo seu caráter e por ter sido ministra em um governo no PT, onde enfrentou o poder do latifúndio predador do meio-ambiente, os madeireiros e do agronegócio.
Considero que o enfrentamento entre Dilma e Serra, que foi exacerbado pelo golpismo da mídia, pelas denúncias e pela demagogia das promessas de Serra na reta final, reforçou no eleitorado indeciso a convicção de protestar contra a polarização desaguando seus votos numa terceira alternativa. Marina serviu para o "nem Dilma, nem Serra", dobrando as intenções de votos e dando-lhe quase 20 milhões de votos.
Marina tem um capital de 10 milhões de votos seus, conquistados mesmo contra os traíras do PV, como Gabeira, que apoiou Serra até que, por oportunismo, aderiu a Marina na reta final já prometendo apoiar Serra no segundo turno. A questão agora é que a direção majoritária do PV tenderá a apoiar Serra, deixando Marina e seus militantes que vieram para o Partido Verde na esperança de tomá-lo de assalto entre duas difíceis opções: apoiar Dilma e o PT, de onde saíram por divergências, ou apoiar Serra, os madeireiros, os latifundiários, os desmatadores, os que detonaram o código florestal e o agronegócio que estão nesse pacote eleitoral da direita.
Para onde irão Marina e os milhares de militantes que acreditam no ecossocialismo? Para o absenteísmo, como deverão ir os eleitores que votaram nela por falta de opção do primeiro turno? Vão deixar o projeto de Serra colocar em risco os avanços obtidos no governo Lula, para recuar ao "vale tudo" dos tempos de FHC? Não queria estar no lugar dos meus amigos e companheiros que muito respeito e que estão à frente da militância que lançou Marina.
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