Está no Correio Braziliense de hoje (que, aliás, tem um caderno só urubuzando o PT e Dilma):
"Apontada pelas pesquisas mais recentes a aproximação do candidato tucano, José Serra, de sua concorrente na corrida ao Palácio do Planalto, a petista Dilma Roussef, provocou, nos últimos dois dias, um recuo nos juros de contratos futuros negociados na BM&F Bovespa.
Com o aumento da possibilidade de Serra se eleger, aos olhos dos investidores também cresce a chance de o novo governo se dedicar ao saneamento das contas públicas, uma das promessas de campanha do oposicionista. O enxugamento dos gastos reduziria a pressão sobre inflação e, em consequência, permitiria que o Banco Central baixasse a taxa básica (SELIC), reduzindo o custo futuro do dinheiro".
Baixar os juros, aliás, era uma medida que poderia acontecer de imediato para estancar a avalanche de dólares especulativos que entram no país à procura de mamatas especulativas. Só não acontece porque o BC é dominado por banqueiros.
A reflexão é a seguinte: Serra promete mundos e fundos para a saúde, educação, segurança, moradia, muito mais que Dilma. Isso é gasto público. E aumentar em 10% a aposentadoria, levar o salário mínimo para R$ 600 e dar um décimo-terceiro para o Bolsa Família. Isso também é gasto público. Calote na dívida para reduzir compromissos de juros, nem pensar. De onde virá o recurso para equilibrar essa conta, a não ser que esteja, mais uma vez, mentindo?
Serra teria poucas alternativas para o tal "saneamento" que alegra o mercado:
- criar novos impostos - impossível, porque vai contra o mercado;
- privatizar empresas - sobrou pouca coisa para vender barato, fora a resistência política;
- vender o pré-sal barato, pois ainda não rende;
- reduzir despesas com previdência, aumentando a idade e diminuindo o benefício, como na França, onde há greves todos os dias porque acabam de prejudicar os trabalhadores;
- cortar os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, o PROUNI e o subsídio do Minha Casa, Minha Vida.
Seria fácil para Serra baixar os juros sem inflação. Bastaria seguir o seu real programa de governo, aquele que não é mostrado na TV, praticando o arrocho salarial e a eliminação dos programas sociais. Sem renda não há consumo. Sem consumo, os preços baixam, e os juros podem baixar.
O mercado costuma projetar o futuro para ganhar dinheiro. Felizmente, essa área de futurologia econômica é o território de muito charlatanismo, até para economistas sem diploma como Serra. Normalmente se vêem "especialistas" explicando por que as coisas não deram certo, e possivelmente os veremos mais uma vez revendo seus cálculos por uma razão simples: Serra não vai ganhar a eleição!
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