quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
DF: Terra arrasada e cara será a herança de Agnelo
Frequento Brasília com assiduidade desde 2004, e de lá para cá a decadência da gestão pública só é tão intensa quanto a especulação imobiliária, também originada na ação governamental. O cenário de Brasília e das cidades-satélites é inimaginável para quem conheceu o Distrito Federal como um padrão de qualidade de vida: hospitais sem leitos, sem remédios, sem médicos; obras viárias inacabadas, muitas suspeitas; trânsito caótico em diversos pontos; segurança deficiente até nas áreas mais nobres, com ocorrência de arrastões; drogas fora de controle, com cracolândias em toda parte; coleta irregular de lixo; grilagem de terras na falta de política habitacional; déficit orçamentário; falta de terminais de ônibus; obra do VLT parada; ruas esburacadas, plano diretor dilapidado, etc. Por fim, um matagal que traga as áreas públicas, dando um ar definitivo de abandono.
Poderia ser pior: Roriz, enquanto era candidato, chegou a prometer que cada casa na periferia poderia ter até 3 andares, piorando muito o problema de infra-estrutura, já que criou várias cidades para atrair, em troca de votos fiéis, milhares de pessoas pobres de todo o país, sem condições de emprego, que hoje constituem o bolsão de miséria em torno do Plano Piloto.
Nesse curto espaço de 6 anos tivemos Roriz, que se elegeu senador e correu para não ser cassado por corrupção, seu sucessor e aliado Arruda, do DEM, que teve como vice um dos maiores especuladores imobiliários do DF, e depois dos escãndalos, Rosso (PMDB), que entrou junto com a festa dos 50 anos da cidade e até agora não disse a que veio, e é aliado de Roriz. Dinheiro na bolsa, na meia, oração de agradecimento por propinas, uma bandalheira explícita que foi rechaçada pela população ao eleger Agnelo, do PT, e nele deposita esperanças de mudança.
O ponto forte de Agnelo será a proximidade com a presidente Dilma, coisa que Cristóvão Buarque, quando foi governador do PT, não teve dos vizinhos habitantes do Planalto. Voltar Brasília ao que era será muito difícil, porque o estrago é enorme, a rede de corrupção e interesses no GDF é endêmica, resistindo de governo a governo, e além de tudo tem o PMDB como aliado, que é um dos responsáveis pelo descalabro.
Ao meu ver, Brasília só dará sinais de vida saudável quando for contida a especulação imobiliária. Aqui o valor dos imóveis, em algumas áreas, cresce até 24% ao ano! Logo teremos por aqui o metro quadrado mais caro do mundo. No novo bairro, o Noroeste, o metro quadrado construído poderá chegar a R$ 14 mil. No Plano Piloto, já está na faixa dos R$ 6 mil, dos mais caros do Brasil. Quem faz a alegria dos incorporadores é o próprio governo, que tem um imenso estoque de terras nas mãos da Terracap e licita lotes a conta-gotas, especulando de forma monopolista.
Vamos ver se Agnelo tem coragem e força política para fazer uma política habitacional focada nas pessoas, que, ao contrário dos políticos, não têm reajustes de 62,8%, liberando terras baratas para tocar programas como o Minha Casa, Minha Vida, dando um choque de oferta que barateie o custo da moradia e melhore a renda disponível para as pessoas. O governante que fizer isso sairá nos braços do povo.
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