terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fortaleza : Enseada do Mucuripe




O que sobrou da comunidade de pescadores do litoral leste de Fortaleza resiste nas áreas próximas à Enseada do Mucuripe. Nos morros próximos, vivem em condições de pobreza centenas de famílias de pescadores, os últimos desde que se abriu a Avenida Beira Mar a partir da década de 40, e da destruição da faixa de areia iniciada com a construção do Porto do Mucuripe, quando os aterros alteraram as correntes marinhas causando erosão na orla.

É nessa região que estão, na praia, os barcos pesqueiros em manutenção, e nas calmas águas da enseada, as velas do Mucuripe cantadas por Fagner.
No fim da Av. Beira Mar encontram-se, do lado direito, os principais restaurantes turísticos que oferecem pratos baseados em peixes e frutos do mar. Do lado direito, numa pracinha, estão os quiosques de venda de peixes e camarão, sendo que o de tom avermelhado é do mar, e o cinza, de viveiros existentes por toda a costa do Ceará. Os preços variam de acordo com a época do ano, com a sazonalidade turística e com a cara do freguês. Alguns quiosques oferecem clandestinamente o preparo dos camarões em cozinhas improvisadas, que acabam custando muito menos que nos restaurantes do outro lado da rua.


A paisagem é muito bonita, e a calma do mar convida à contemplação de pequenos barcos indo e vindo, e de navios que passam ao largo, no rumo do Porto do Pecém, que fica a uns 60km de Fortaleza e para onde está convergindo boa parte do fluxo de mercadorias que anteriormente seria processado no Porto do Mucuripe. Recentemente um projeto de construção de estaleiro por coreanos foi rejeitado pela prefeitura, porque se pretende dar à área uma utilização mais turística. Anos atrás até se cogitou fazer no local um polo hoteleiro, com oceanário e um museu marinho. Como tantas idéias que agitaram a cidade, essa foi mais uma engavetada por polêmicas.

Saindo dessa área e atravessando a Av. Abolição, pode-se chegar a pequenos bares e restaurantes de pescadores. E também ser assaltado, porque a região é barra pesada, mesmo a toda hora passando as luxuosas Hilux da ronda da polícia militar, especialmente na Via Expressa. No morro onde habitam os pescadores, há um mirante que já teve bons restaurantes, mas foram aos poucos sendo fechados pela falta de segurança no local e nos acessos.

Caminhando no sentido contrário ao do tráfego pela Av. Beira Mar, chega-se à tradicional estátua de Iracema, índia que foi personagem de romance do autor cearense José de Alencar. Do outro lado da rua fica o parque ecológico do Riacho Maceió, ou o que sobrou dele, nas diversas tentativas de manter a vegetação e o curso d'água sem lixo e poluição. Em algumas áreas do bairro contíguo da Varjota, o riacho serve de abrigo a criminosos, que praticam desde assaltos à luz do dia a pedestres como a motoristas em sinais e em sequestros-relâmpago. O melhor para o turista é seguir pela calçada da Beira Mar sem se aventurar pelas áreas adjacentes.

Acho que algumas coisas mudaram para melhor nos últimos anos. A calçada tem melhor manutenção, os quiosques estão limpos, a sensação de segurança é melhor na praia, não vi crianças mendigando na área, como era comum, e a estátua de Iracema está reformada e muito bem conservada. De negativo só o preço do camarão, que era na faixa de R$ 10, subiu para R$ 20 por quilo. Pode ser a época. Ou a cara do freguês...

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