terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Oriente Médio : Não é hora de aventuras

As coisas no mundo árabe estão muito complicadas para qualquer um arriscar uma jogada mais ousada nesse tabuleiro de xadrez da política internacional. Até aqui, o combustível queimado pelas revoltas mais bem sucedidas é o da crise econômica e da desigualdade social entre etnias religiosas, e nada de fundamentalismo religioso ou sectarismo anti-israelense. Tanto na Tunísia como no Egito, até o momento, do caos se fez uma nova ordem provisória, que manteve acordos de interesse israelense intocados.

Manter acordos, entretanto, não significa submissão. O governo provisório egípcio autorizou a navegação pelo Canal de Suez de barcos da marinha iraniana, que já chegaram ao Mar Mediterrâneo, a princípio, para treinar seus cadetes na Síria. O governo ultra-direitista de Israel já está mandando avisos que agirá se ninguém fizer nada para evitar o que chamam de provocação iraniana. Os EUA, principal patrocinador e protetor de Israel, até agora não deram nenhum passo, até porque não sabem onde estão pisando e certamente aguardam os desdobramentos da crise na Libia para tomar alguma atitude.

Do pouco que os americanos sabem sobre o que está acontecendo, uma coisa é certa: a pior coisa neste momento seria unificar as energias desses movimentos libertários contra ditadores pró-EUA no discurso anti-imperialista e anti-israelense, onde os grupos mais radicais tenderiam a ganhar destaque e liderança. A turma de Obama investe na queda de Kadafi, que poderia pavimentar o terreno para o fomento a um levante popular no Irã para derrubar Ahmadinejad e os aiatolás, o que também é muito difícil, mas pode ser tentado.


A frente de combate líbia não se resolverá em poucos dias, seja qual for o resultado. Se nesse meio tempo Israel cometer algum desatino contra os seus vizinhos, um grande conflito poderá ter início na região. Como os seus líderes não são muito sensíveis ao que se passa fora das fronteiras, o mundo corre o risco de uma guerra mundial onde pouco vão interessar os povos judeu, árabe ou persa, mas o fornecimento de petróleo para as superpotências, que têm para a região a mesma visão dos Cruzados da idade média.

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