Da parte do governo, Lula relançou o programa do álcool, propagandeou o Brasil no exterior como potência das energias limpas, brigou pela quebra de barreiras comerciais especialmente com os Estados Unidos, que produz etanol de milho a um preço bem maior que o brasileiro. O comprador do carro flex acha que terá combustível com preços perenes, como a gasolina, que só tem impactos quando há uma crise, e mesmo assim a Petrobrás segura o preço em eventuais bolhas.
O etanol depende de safras, e concorre com uma commodity poderosa: o açúcar. O Brasil vende pouco etanol ao exterior, mas exporta muito açúcar. Coincidiu de estarmos na entressafra da cana e do preço do açúcar no exterior ter dobrado, e os usineiros preferem usar a cana para fazer mais açúcar e menos álcool, criando a escassez do combustível.
Na semana passada estive em Florianópolis (SC) e nos postos o preço do álcool era o mesmo da gasolina. Nunca vi essa paridade de preços, apesar de saber que o custo de produção do etanol era subsidiado pelo preço da gasolina, mas parece que isso acabou. A frota cresceu muito, e nitidamente está faltando etanol no mercado interno.
Como mostrar vantagens no carro flex e dizer ao exterior que temos álcool para vender, se não temos o produto? Pior: quanto desmatamento terá que ser feito para aumentar a produção para atender ao mercado interno e externo, com a expectativa criada e a demanda que já é real?
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