Sem eles, a distribuição de dinheiro obrigaria os mais de 40 milhões de brasileiros "bancarizados" a buscar pontos de aquisição de moeda corrente mais longe, enfrentando filas, deslocando-se para pontos de maior concentração, etc. Para os bancos, isso acrescentaria custos, porque teria que montar mais lojas e quiosques próprios, além de aumentar a quantidade de funcionários e caixas.
A expansão dos caixas eletrônicos atendeu a interesses dos donos dos locais, que passaram a ter um atrativo a mais para atrair clientela, e dos bancos, que se livraram de milhões de clientes e puderam reduzir os espaços dos seus prédios de agências destinados aos caixas para priorizá-los para atendimento qualificado a clientes preferenciais ( o "lixo bancário" de não clientes foi desviado para casas lotéricas e correspondentes bancários, onde a segurança é precária também).
Os recentes ataques com explosivos atingiram além dos "cash dispensers", mas as instalações dos proprietários dos espaços, trazendo duas questões graves: a indenização pelos danos e a quebra do interesse em abrigar dispositivos tão ameaçadores. Alguns dos ataques aconteceram em lojas de conveniência de postos de gasolina, e felizmente não causaram danos mais graves, como a explosão de tanques inflamáveis. Poderiam acontecer até em lojas alugadas pelos bancos para estabelecer pontos eletrônicos de atendimento.
O que pensam os banqueiros sobre o assunto? Que a solução é colocar dispositivos que sujem as notas com tinta, como se isso fosse problema para os bandidos. E as autoridades de segurança? Que se coloque menos dinheiro disponível? E os proprietários dos espaços cedidos? Que não se interessam mais pelos bombásticos dispositivos, que trazem, agora, mais riscos que benefícios.
O sistema bancário é vital para a sobrevivência de alguns municípios. Sem o dinheiro chegar às mãos da população, em especial os recursos das aposentadorias e transferências (governamentais e particulares), não existe economia local, não há feira, nem comércio. Tudo se desloca para a localidade onde está a agência ou terminal pagador. Para evitar essa sangria, alguns prefeitos se sujeitam a pagar a bancos tarifas absurdas para manter postos de atendimento bancário com a finalidade de por no local o dinheiro recebido de fora pelos munícipes.
No final, os prejudicados serão os cidadãos, que terão maiores dificuldades de acesso ao numerário. Abrir novas agências e postos de atendimento eletrônico, aumentar o número de guichês de caixa, são coisas impensáveis para um sistema bancário que vive de tarifar clientes e mamar nas tetas dos juros elevados das dívidas públicas, e de jogar os clientes para o auto-atendimento na internet. Caso não se encontre uma solução para conter a onda de violência contra caixas eletrônicos, o efeito poderá ser a eliminação de parte dos clientes mais pobres do acesso ao sistema bancário, além de prejudicar as economias de algumas localidades.
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