A ditadura e seus meios de comunicação disseram que o sargento teria sido vítima de um atentado da esquerda. A Globo ajudou a vender essa versão, mas o Jornal do Brasil não embarcou nisso e descobriu a verdade dos fatos: dois militares tentaram explodir uma bomba num atentado terrorista. Para o que morreu, o castigo foi imediato. Para o motorista, não houve nenhuma punição.
Lembro-me bem daquele 30 de abril, salvo engano uma quinta-feira, com feriado do Dia do Trabalhador na sexta. O show seria alusivo a essa data, com grandes nomes como Beth Carvalho, Gonzaguinha, Djavan, Fagner, Elba Ramalho e outros. O momento era de abertura política, já tendo acontecido várias greves que desafiaram a ditatura.
O PT havia sido fundado há pouco tempo, e buscava filiações através de seus militantes. Exatamente naquele dia uma colega de banco me filiou, e falou do show, mas não poderia ir porque trabalhava no horário noturno. Quem foi por lá nem soube da tentativa de atentado, porque o carro dos militares explodiu num lugar afastado.
Ontem e hoje o jornal O Globo publicou uma espécie de organograma do terror de estado a partir da agenda do Sargento Rosário, o que morreu com a bomba no colo. Na lista de contados do criminoso estão várias figurinhas carimbadas da tortura, todos anistiados, que estão por aí, soltos, impunes. Alguns partiram para a iniciativa privada com o "know-how" da bisbilhotagem, da arapongagem e do banditismo de falsos dossiês.
Entre eles estão os que praticaram grampos telefônicos na época da privatização e o que recentemente inventou dossiê contra o irmão do porta-voz de Lula, Franklin Martins, na ANP, que foi noticiado como escândalo pela Globo, Veja e outros usuários de documentos forjados por essa turma.
Por que a Globo resolveu falar no assunto depois de 30 anos? Aguardando a prescrição do crime? Fazendo-se de isenta em meio aos esforços do governo por uma Comissão da Verdade, para trazer à tona todas as responsabilidades pelos crimes ocorridos na ditadura? Quer concorrer com a novela do SBT que está levantando a questão da tortura, perseguições e terrorismo de estado nos anos de chumbo? Quem entende isso?
Qualquer atitude terrorista é condenável, tanto pelo lado da desumanidade com os inocentes que morrem, como pela forma anônima e covarde pela qual é exercida. O que acho fora de propósito é ficarmos o resto da vida discutindo um atendentado bisonho, que Graças à Deus não feriou ninguém, como se fosse um 11/09. Temos que aprender a superar com o povo Japonês. Christiano
ResponderExcluirSó podia ser anônimo para defender que se esconda a verdade, em proveito de torturadores e terroristas a serviço da ditadura militar!
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