sexta-feira, 6 de maio de 2011

Maracanã : obra de reforma pública, gestão privatizada

O modelo de negócio para o Novo Maracanã não é o mais adequado para quem quer fazer da Copa 2014 um ganho para o Rio. O Governador Sérgio Cabral anunciou que a reforma será feita com recursos públicos, mas a gestão do estádio será concedida a partir do segundo semestre. Isso aconteceu em estádios construídos para a Copa 2010 na África do Sul, onde contratos de concessão de alguns "elefantes brancos" favoreceram as empresas que exploraram os estádios durante o torneio, sem o retorno adequado ao poder público. A questão não é a gestão privada ou pública, mas o faturamento da Copa ficar nas mãos de ente privado contratado, que não investirá qualquer centavo na reforma.

Há na Internet uma publicação gratuita, editada pelo Instituto para Estudos de Segurança (ISS), que conta seis casos de corrupção ocorridos na Copa de 2010 na África do Sul, entre eles o de uma concessão extremamente vantajosa da gestão de um estádio caríssimo, que depois do torneio viraria num elefante branco, sem repor os custos das obras ao poder público. A monografia "Player and Referee : Conflicting Interests and the 2010 Fifa World Cup" pode ser baixada neste link. É extensa, mas é um pontapé inicial para o conhecimento das malandragens que rolam no submundo de eventos gigantescos, envolvendo grandes quantias e os interesses privados, a partir da própria FIFA, empreiteiras, prestadoras de serviços, e o dinheiro público, com ampla margem à corrupção.

Cabral também já faz conta com o dinheiro que será gasto para suprir as deficiências de projeto, dizendo que a lei permite acréscimos de até 50% do valor do edital. Ou seja, a obra estimada em R$ 720 milhões poderá custar até R$ 360 milhões a mais, dentro da lei, uma margem que deve ser colocada sob holofotes porque nela poderão estar inclusos valores para corrupção, já que só agora o projeto executivo será apresentado. Está no site do governo do RJ:

APÓS REFORMA, MARACANÃ SERÁ ADMINISTRADO PELA INICIATIVA PRIVADA

05/05/2011 - 12:19h - Atualizado em 05/05/2011

Segundo o governador Sérgio Cabral, processo de concessão começará no segundo semestre deste ano

O governador Sérgio Cabral voltou a afirmar que as obras de reforma do Maracanã, visando à Copa do Mundo e às Olimpíadas, não ultrapassarão o custo permitido por lei e que, após a conclusão das obras, o estádio deverá ser administrado pela iniciativa privada.

- O Maracanã é um equipamento para ser gerido pelo setor privado. Nós vamos começar esse processo no segundo semestre de 2011. Não tem cabimento um estádio como o Maracanã nas mãos do poder público. A concessionária terá de ter, obviamente, obrigações públicas. O estado tem de concentrar os esforços naquilo que é importante. Como será um estádio renovado, e mais o Maracanazinho, é um equipamento muito interessante para o setor privado – declarou.

O projeto executivo das obras será entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU) ainda este mês e o estádio estará pronto até dezembro de 2012.


- O prazo para o término das obras está mantido. Mais do que isso, do ponto de vista legal, a lei permite que você aumente os custos em até 50%, quando se trata de uma reforma, que é o que vamos fazer. Entretanto, o custo vai ficar abaixo dos 50% permitidos por lei. Vamos entregar para a cidade, o estado e o Brasil, um estádio, sem exagero ou ufanismo, extraordinário.

Um comentário:

  1. Independente de qualquer coisa acredito no governo do Sergio cabral e acredito que as obras vão estar prontas até a data estipulada.

    ResponderExcluir