Nos últimos dias vimos greves varrerem São Paulo, chegando a acordos na faixa dos 7 a 9% de reajustes salariais, muito pouco acima da inflação anual, estimada em 6,5%. As reivindicações não eram muito maiores que isso. Estranho, porque em campanhas salariais os trabalhadores pedem bem mais, ainda mais em São Paulo, onde os demo-tucanos vêm causando perdas ao poder aquisitivo de várias categorias do serviço público há anos.
Governo tentará segurar reajustes salariais para evitar mais pressão sobre a inflação
Publicada em 05/05/2011 às 00h19m
Patrícia Duarte, Vivian Oswald e Wagner GomesBRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO - O governo do PT, cujo berço é a luta sindical, vai defender que os trabalhadores sejam mais comedidos na hora de negociar reajustes salariais nos próximos meses. Preocupada com a inércia da inflação - quando os agentes econômicos se acostumam a um patamar de reajustes e fazem dele a base para seus aumentos -, a equipe econômica decidiu afinar o discurso e partir para o corpo a corpo não só com os empregados, mas também com os patrões. O objetivo é reverter expectativas ruins e fazer do centro da meta de 4,5% em 2012, com o qual o Executivo está comprometido, o farol da fixação de preços e salários.
A inflação hoje, medida pelo IPCA, está acumulada em 12 meses muito acima deste alvo central. Pode inclusive chegar a 7%, acima do teto de 6,5% da meta, nos próximos meses. Isso significa que o poder de compra dos trabalhadores está sendo corroído nesta proporção. Desta forma, a tendência é que as categorias tentem recuperar no mínimo este percentual nas suas datas-base.
A intenção do governo é convencê-las de que este patamar elevado de reajustes de preços está chegando ao fim e que a inflação, a partir do quarto trimestre, entrará em trajetória de queda consistente, para ficar ainda no primeiro semestre de 2012 perto dos 4,5% da meta. É esta a perspectiva, diz o governo, que deve orientar as negociações salariais.
Até setembro, importantes e mobilizadas categorias - como bancários, metalúrgicos e petroleiros - abrirão negociações para reajuste salarial. Nos últimos anos, surfando no aquecimento da economia, elas têm conseguido não só repor a inflação, mas obter ganhos reais expressivos. Foi diante desse cenário que a luz amarela acendeu na equipe econômica e decidiu-se pela adoção de um discurso cauteloso, até então inimaginável em uma administração do PT.
Esta linha de raciocínio foi exposta publicamente pela primeira vez na terça-feira pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini. Segundo ele, se as negociações salariais não levarem em consideração que a inflação vai convergir para o centro da meta, poderá ser afetada a competitividade das empresas.
A mesma abordagem já começou a ser usada com os empresários. Na quarta-feira mesmo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu à indústria que evite repassar o aumento corrente de custos - como matéria-prima e mão de obra - aos preços. A mensagem, passada em reunião do Grupo de Avanço da Competitividade (GAC), é que o trabalho de evitar a indexação deve incluir governo e setor privado.
Apesar de incomum, o apelo do governo não é totalmente rejeitado pelos representantes dos empregados. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, não descartou buscar reajustes salariais mais comedidos.
- Ainda não pensei nesse assunto. Mas poderia fazer esse esforço nas negociações salariais - afirmou o presidente da CUT, central historicamente ligada ao PT.
Caro Branquinho,
ResponderExcluirSe queres manter algum grau de credibilidade em teu blog, que tal ouvir a outra parte?
http://arturcut.wordpress.com/2011/05/12/artigo-da-cut-no-globo-o-salario-nao-e-vilao/
http://contrafcut.org.br/noticias.asp?CodNoticia=26657