sexta-feira, 24 de junho de 2011

Rio : Desorganização deixa Galeão sem estacionamento

Acabo de ver no Aeroporto Internacional Tom Jobim mais uma dessas cenas que nos fazem crer que existe um caos aeroportuário, mas quando procuramos saber mais vemos que é só incompetência na gestão (só?).

Chego ao aeroporto e encontro uma fila parando o acesso ao desembarque. Nunca tinha visto isso. Andando um pouco mais, dava para ver que a trava no tráfego era causada pela enorme fila de acesso ao estacionamento do Terminal 1. Mais adiante, funcionários da empresa responsável pelo estacionamento estavam ao lado de uma placa "Estacionamento Lotado", mesmo assim as pessoas tinham fé na existência futura de vagas, em questão de tempo. Segui para o estacionamento do Terminal 2, mesma situação.

Não tinha jeito de parar: tinha que desembarcar a pessoa que estava comigo direto no terminal, sem poder ver sua partida. Chegando ao desembarque do Terminal 1, a bandalha dos táxis estacionados junto ao meio-fio, praticamente forçando o desembarque em fila dupla. Encontrei uma vaga, estacionei, e um taxista acintosamente parou em fila dupla a um palmo da minha porta, como quem diz "tomou minha vaga, não salta do carro". Ele entendeu a linguagem corporal que indicava que eu iria abria a porta mesmo assim e que isso poderia causar avaria nocarro dele e saiu reclamando.

Ao voltar ao carro, vi uma situação complicada: um senhor queria desembarcar uma criança de uns 12 anos, que possivelmente viajaria sozinha, e não sabia o que fazer para deixar o carro. Acabou largando o veículo, mesmo mal parado, e foi levar a criança. Como não tinha ninguém do Detran ou da Guarda Municipal para coibir as bandalheiras, não deve ter sido multado.

Resolvi parar em outro lugar até esperar um telefonema com a confirmação de que tudo havia dado certo no embarque do meu parente. Segui na pista direção Centro até um posto de gasolina, lotado de pessoas que tiveram a mesma idéia que eu. Como esse tipo de coisa faz parte do "custo Rio", cultura de deixar as pessoas sem alternativa em situações críticas, parei o carro e esperei.

Depois de algum tempo um veículo de uma empresa de segurança parou ao meu lado, e um vigilante disse que não poderia parar ali, e pedi uma alternativa. "Retorna ao Terminal 1, pega a pista de volta que tem uma pessoa lá indicando o estacionamento E4, onde tem vaga", disse o homem. Aproveitei para perguntar a razão daquele caos, e ele disse: "Todo feriadão é assim. A pessoa vem da Barra ou outro lugar distante, e prefere pagar o estacionamento por 4 dias, à base de R$ 29 no primeiro dia e R$ 12 nos demais, que pagar o táxi de ida e volta".

É, faz sentido, pensei. Um táxi da Barra até o Galeão, dependendo do lugar, deve sair, no barato, uns R$ 50. Se os preços forem os que ele disse de estacionamento, quatro dias saem por R$ 65. É mais barato que o táxi de ida e volta. E ainda tem a vantagem do dono do carro não cair em mãos de taxistas mafiosos, que não querem cobrar pelo taxímetro, apenas por tabelas fixas, sempre valores maiores que os que efetivamente deveriam ser pagos. Mais ainda: a máfia de táxis parece ter aprovado no Rio uma lei que permite ao taxista cobrar mais um valor por cada volume de bagagem. Pensando bem, nessa modelagem, eu preferiria deixar o carro no aeroporto.

A autoridade aeroportuária, que certamente sabe do problema mas atribui tudo ao aumento de demanda do sistema de transportes aéreos, joga a solução para o futuro, quando ampliarem o aeroporto, etc. Aí é que vem a diferença entre o que hoje chamam de "gestor", ou seja, o capataz genérico, e "administrator", o profissional que tem as soluções para esse tipo de problema.

Por que não tornar todas as vagas rotativas, penalizando a permanência prolongada, pelo menos nos feriadões? Ou sempre, já que a demanda aumentou muito? Por que não apertar a fiscalização nos táxis que são "donos" dos espaços do aeroporto, para acabar com as máfias? Isso não depende de obras, apenas de vontade de fazer. Os incompetentes, no entanto, preferem jogar toda a culpa no surrado "caos aéreo", que tinha como causa, na época, o "overbooking" escancarado praticado por uma empresa de aviação.

A incompetência é amiga do oportunismo político e da corrupção, porque não soluciona os problemas e acaba deixando para o discurso político associado aos "lobbies" de privatização e dos empreiteiros a "solução" do problema.

2 comentários:

  1. Caro. A incompetência é ainda maior do que você imagina. Existe um terceiro estacionamento, Auxiliar, entre os dois terminais.

    Porem é MUITO mal sinalizado e o preço é o mesmo. Para quem vai deixar o carro no aeroporto e viajar esse deveria ser o único estacionameno possivel. Ou seja, permanencia de dias deveria ser permitido somente ali.

    Mas como todos tem o mesmo preço acabam lotando o T1 e T2 e deixando na mão quem precisa levar ou buscar alguem do aeroporto. De uma olhada nessa matéria do meu Blog:
    www.caoscarioca.com.br/2011/galeao-estacionamento-em-falta/

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  2. Estacionamento do Galeao mais que dobra tarifas. a partir de hoje diarias passam de R$29 para R$50.

    Demais diarias antes a R$12 agora estao padronizadas em R$50, ou seja, antes 2 dias custavam R$41 agora custam R$100.

    Administracao do Estacionamento é da Infraero. Conseguiram transformar um espaco no cháo mais caro que passagem de aviao.

    ABSURDO!!!

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