Na normalidade democrática as regras são claras, e até prova em contrário estamos num estado de direito. Para abater esse tipo de jogada, de usar os militares para limpar os focos de corrupção, Lula foi direto ao ponto com a seguinte declaração, que serve também, por analogia, para os partidos da base aliada que estão vendo seus feudos de corrupção ruírem:
"Não sei se cabe aos militares gostar ou não gostar. Quando a presidente indica uma pessoa, ela está indicada. Ela é chefe das Forças Armadas, indicou o ministro e acabou. Não se discute, sabe?"
Pela primeira vez na história o Brasil tem um Plano Nacional de Defesa, que não é plataforma de um governo, mas uma política de estado. Aos poucos as forças armadas, que foram destroçadas desde o governo Collor, estão recuperando sua capacidade operacional. Soldos foram aumentados, embora insuficiente, e a carreira será reestruturada, com novos valores até 2014. O país vai começar a produzir submarinos, inclusive nucleares. Está previsto maior controle da Amazõnia e do pré-sal. Novos aviões deverão armar a defesa aérea. Blindados e helicópteros estão sendo comprados.
De Lula para cá, o Brasil considera que uma potência soberana tem que ter uma defesa forte, atuante, e que tem que participar do tabuleiro de jogo mundial. Quem melhor expressou essa nova visão, que rompe com a do Brasil submisso, quintal dos Estados Unidos, foi o novo ministro da Defesa, Celso Amorim. Suas posições, que desagradaram a direita e a mídia colonizadas, têm conformidade com a estratégia de pensarmos com as nossas próprias cabeças, sem tutela. Do que eles não gostaram?
- De implodirmos o G-8 para ampliar os grandes debates mundiais no G-20 com outras potências emergentes.
- De priorizarmos a integração econômica regional fortalecendo o Mercosul e detonando a ALCA imposta pelos americanos.
- De consolidar o bloco com China, Rússia, India e África do Sul como líder dos emergentes.
- De termos tropas no Haiti participando do processo de reconstrução do país mais pobre das Américas.
- De tentarmos uma solução negociada para as crises do Irã e da Palestina, desagradando as potências militares que precisam manter esses conflitos para manter a hegemonia na região. De defendermos os alvos mais diretos do capital americano, Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina, tornando o Brasil reconhecido como liderança continental comprometida com a integração.
- De termos a Embrapa, Senai e outras empresas atuando em diversos países da África, em convênios para aprimoramento técnico.
- De exportarmos soluções como o Bolsa Família, para atenuar problemas em países pobres.
- De termos na FAO como diretor-geral o ex-ministro José Graziano, que implantou o Fome Zero no governo Lula.
- De reduzirmos a dependência econômica em relação aos Estados Unidos, pulverizando as parcerias com diversos outros países, minimizando os riscos em caso de crise como a atual.
- Do Brasil liderar um movimento pela reestruturação do FMI e do Banco Mundial, para que se tornem instrumentos de distribuição de riquezas e justiça social.
Por trás de toda essas ações, estava a figura de Celso Amorim, auxiliando Lula no projeto de afirmação do Brasil como nação soberana, independente dos grandes. Seria, portanto, o cara certo no lugar certo para tratar de problemas de controle de fronteiras, de integração militar pela paz continental e outras questões geopolíticas.
Os militares, olhando por esse ângulo, deveriam estar contentes com governos que afirmam a soberania e consideram as forças de defesa como estratégicas para o projeto enquanto potência mundial. E nada melhor que um estrategista internacional, com habilidades diplomáticas, prestigiado pela Presidente, para exercer a coordenação dessas ações.
Aí vêm de novo os insatisfeitos botando pilha nos militares: "Celso Amorim vai criar um verdadeiro Tribunal de Nuremberg nas forças armadas, com a Comissão da Verdade". Que cada um seja responsabilizado pelos seus atos criminosos. Não serão muitos, e a grande maioria já não está na ativa. Deve ser trazida a cruel verdade para que esses crimes nunca mais se repitam, e para que as forças armadas enterrem de vez esses esqueletos, partindo definitivamente para uma visão de século XXI.
A mídia que aterroriza com isso é a mesma que apoiou as atrocidades cometidas por criminosos travestidos de militares no golpe militar, e que não quer respingos da apuração dos fatos. A mesma que tem medo de termos, como na Argentina e no Uruguai, a verdade incômoda aflorando, mesmo que os que participaram de atrocidades não venham a ser condenados por força da Lei da Anistia.
Não querem, principalmente, dar margem à discussão sobre a regulamentação dos meios de comunicação, que existe nos Estados Unidos e em quase todos os países desenvolvidos, e proíbe a criação de propriedades cruzadas dos meios e oligopólios, como hoje tem a Globo (jornal, tv, internet, rádio, etc). Para isso manipulam essas questões envolvendo os militares, como forma de puxá-los para os seus interesses.
Dilma agiu bem tirando Jobim, que já queria sair, mas não teve a decência de dizer que queria ser substituído, cavando a expulsão. Militar que é militar sabe que o que ele fez foi insubordinação, e não pode condenar sua saída da forma como foi. A presidente, simultaneamente, nomeou para diretor-geral do DNIT um general que é responsável pela área de construções do Exército, reconhecendo os méritos das forças armadas na condução de empreitadas de interesse nacional.
No Nordeste as obras feitas pelos Batalhões de Engenharia e Construção chamam a atenção pela qualidade e durabilidade. Agora mesmo, na reconstrução da BR-101 entre Recife e Natal, os militares mostram extrema competência. A nomeação do general é uma forma de reconhecer a qualidade e a confiança nos militares. Para completar, nomeou um outro diretor oriundo da Controladoria Geral da União, um auditor, mais um reforço técnico para garantir a qualidade das licitações.
Apoiar as ações saneadoras de Dilma deveria ser uma unanimidade entre os que querem moralizar este país, mas, definitivamente, há quem queira que tudo continue como está para ficar discursando por decência enquanto pratica a bandalheira.
Caro comunista de plantão. O senhor acha mesmo que este ridiculo homúnculo que já nos fez passar tantas vergonhas internacionais é solução para alguma coisa?
ResponderExcluirEm que planeta o senhor vive?
Amorim é escarnio na certa.
E trouble com os militares.
Quem viver verá.
Pensei duas vezes antes de postar seu comentário, pois o critério que adoto na moderação é o de não ofender outras pessoas nem a quem lê. Não tenho problemas com críticas a mim, desde que respeitosa, mas falar do "homúnculo" referindo-se ao novo ministro da Defesa pode ser considerado preconceituoso por alguns. Ou então teriam que falar que o Jobim era um "homão", porque tem quase dois metros de altura. A estatura não tem nada a ver com as posturas políticas. Hitler tinha baixa estatura e fez a desgraça que fez, por exemplo.
ResponderExcluirVergonhas internacionais - bem, antes de Lula e de Amorim o Brasil era visto como mais uma república de bananas do quintal dos americanos. FHC era tão submisso que fazia discursos na própria língua dos colonizadores. Logo que Lula foi ao encontro do G-8 na Suíça começou um novo estilo: falou em português, e todo mundo entendeu. É aquela estória: quem muito se abaixa...
A partir daí construiu-se uma trajetória de autonomia brasileira no estrangeiro que colocou a nossa diplomacia à frente de várias lutas, liderando países emergentes. Tudo sem o aval dos Estados Unidos. Para se ter idéia da hipocrisia da nossa direita e do Tio Sam, o Brasil reconheceu o Estado Palestino com as fronteiras de 1967. Foi um deus nos acuda na nossa imprensa e nas mentes colonizadas, uma heresia. Hillary Clinton caiu de pau. Pois bem: um ano depois, Obama tomou exatamente a mesma atitude. Foi aplaudido pelos capachos brasileiros. Lula hoje faz palestras pelo mundo todo. É pago para isso, porque as pessoas querem saber como foi tão bem sucedido.
Amorim é sucesso na certa. É um orgulho internacional. Esse oba-oba que estão criando com os militares não sobreviverá muito tempo. Se algum louco resolvesse falar em golpe, imediatamente os capitais estrangeiros cairiam fora, porque hoje ninguém quer saber de risco. A economia ia para o buraco. Além do que, Dilma tomaria as medidas para restabelecer a ordem. Há poucos dias na Turquia o governo eleito democraticamente encanou 250 militares que estavam armando um golpe. Morreu o assunto. Na Argentina botaram todos os cabeças das atrocidades do regime militar na cadeia, e as novas forças armadas, que não têm nada a ver com os erros do passado, não se opuseram. Insubordinação tem punições previstas no regulamento militar, e não acontecerá, mesmo porque o governo Dilma deverá ser, paradoxalmente, o melhor para os militares, tanto em prestígio como em reaparelhamento.