Apesar da simplicidade da moradora de Hackney, bairro pobre com o qual se identifica e por isso mesmo no vídeo diz que tem vergonha disso acontecer por lá, a mensagem é profunda: está fazendo falta no mundo um partido, uma ideologia, um projeto de transformação para trazer todos os indignados, insatisfeitos e incomodados para lutar por algo que faça avançar a justiça social. Falta algo pelo que se possa lutar para mudar para melhor.
Esse protesto violento pode até denunciar que o sistema capitalista não consegue dar soluções a todos, deixando uma boa parte sem esperanças, alijada das conquistas materiais, como subproduto do processo de acumulação de riquezas nas mãos de uma minoria, desde que se diga que o objetivo é esse. O que se vê, entretanto, é o cada um por si, saqueando lojas para levar televisores de primeira geração e tocando fogo em carros, casas e lojas dos próprios vizinhos. Eliminando os locais de trabalho dos próprios moradores.
Tais iniciativas, rebeldias aparentemente sem causa, confundem as pessoas e sujeitam os movimentos de insatisfação a ganhar o rótulo de crime de vandalismo e roubo, pura e simplesmente. É assim que o governo inglês vem encarando o movimento, jogando polícia, sem nenhuma ação para reduzir os impactos dos planos de austeridade sobre os mais pobres. Toda revolta tem que ter uma bandeira de luta, de denúncia. Pelo menos uma faixa ou cartaz dizendo o que se quer. Nesse movimento não há nada disso. É uma válvula de escape das pressões sobre os pobres. Vem, é reprimido e depois passa. Agora, com a recessão se aprofundando, a frequência de distúrbios deve aumentar.
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