Não adianta a Band dizer que o cinegrafista Gelson Domingos da Silva tinha colete à prova de balas e mesmo assim foi morto por um tiro de fuzil cobrindo a ação policial perigosíssima na favela de Antares, na zona oeste do Rio. Esse tipo de colete é fino, não dá a devida proteção para tiros de fuzil, armamento normalmente usado pelos traficantes cariocas. O uso desse tipo de proteção dá a falsa sensação de segurança aos seus usuários.
Nas fotos ao lado, vemos a equipe da Rede Globo que cobriu, em 17 de outubro de 2009, a guerra contra traficantes no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, que culminou com a derrubada de um helicóptero da PM. Os coletes são finos. Na outra foto estão os coletes dos policiais do BOPE, bem mais robustos, mais adequados aos cenários de enfrentamento.
As empresas de comunicação precisam conter a pressão por imagens inéditas em áreas de risco, em especial para os programas sensacionalistas, onde o link ao vivo dos profissionais no local com apresentadores adiciona risco em busca de audiência. Isso vale tanto para as equipes que acompanham os policiais como para os helicópteros, já que os traficantes têm armamento anti-aéreo.
Nas horas mais críticas, os policiais não têm como impedir o avanço das equipes de jornalismo para dentro dos teatros de guerra, daí a orientação a favor da segurança ser uma obrigação das empresas. Certas imagens incomodam as forças policiais, principalmente quando no tiroteio morrem inocentes, que eventualmente poderiam ser colocados na conta dos criminosos pelas autoridades.
Além do mais, sequer há remuneração pelo risco que esses trabalhadores correm no exercício das suas funções. O empregador é responsável pela segurança do trabalhador, e se o equipamento de proteção individual não tem as características necessárias ao enfrentamento do risco, o trabalho não deve ser feito. Têm que coibir essa exposição excessiva ao risco.
No Bom Dia Brasil apareceu a imagem do cinegrafista sendo socorrido no local com uma marca de sangue nas costas. No Jornal Hoje, a imagem foi editada e não chega a mostrar o sangue. Parece que a bala não apenas passou pelo colete, como atravessou o corpo.
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