quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Rio prende traficantes. São Paulo prende usuários.

Há uma diferença fundamental entre as políticas de segurança do Rio e de São Paulo. Depois da proposta de ocupação de comunidades para destruição do domínio territorial do tráfico e implantação das Unidades de Polícia Pacificadora, amplas populações de favelas e dos entornos passaram a ter uma sensação de segurança que não se via há muitos anos. O desmantelamento do crime organizado no Rio fez o foco do noticiário policial nacional se deslocar para São Paulo.

Apesar das maiores dimensões do estado, e da blindagem do governo do PSDB na mídia, o que aflora de informações é que a criminalidade está se intensificando. Pior: a polícia parece mais preocupada em pegar dois ou três usuários de droga numa universidade que combater o tráfico por trás da Cracolândia. Essa política de varejo é a principal responsável pela criminalidade onipresente na capital e no interior do estado.

A captura do traficante Nem, hoje, é mais um passo importante na guerra contra o poder do tráfico, longe de terminar, no Rio. Os elementos envolvidos na captura mostram a complexidade do crime e a necessidade de investimento em inteligência, formação de policiais e integração entre as polícias. No total foram presas 15 pessoas, entre elas 3 policiais civis , um PM reformado e um ex-PM, que davam cobertura a dois traficantes ontem,  uma pessoa que se disse cônsul honorário do Congo e dois advogados, que formavam a quadrilha que tentou tirar Nem de dentro da Rocinha.

No fim de semana deve acontecer a tomada do complexo Rocinha / Vidigal pelas forças de segurança, para implantar novas UPPs. Para quem não conhece o Rio, essa área muito populosa fica no bairro nobre de São Conrado, entre a rica zona sul e a emergente Barra da Tijuca. É a última cidadela com domínio territorial do tráfico nas áreas de classe média de maior PIB da cidade. A queda da Rocinha / Vidigal deverá trazer uma redução substancial nas receitas do tráfico no Rio de Janeiro, e em tudo de ruim a ele associado. Assim esperamos. 

2 comentários:

  1. Mas Branquinho, seja verdadeiro: prendendo usuários a gente está de uma certa maneira dando um baque nos traficantes não? e se voce quer saber o trafico de droga corre solto na universidade. Vem gente de longe comprar lá. ´Põe na tua cabeça que a PM lá dentro está incomodando o tráfico. Por que A UPP pode ser na Rocinha e não na USP?

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  2. Caro (a) Anônimo (a),
    Concordo que sem demanda não há oferta. Isso vale para muitas mercadorias, não para drogas que viciam. Se queremos acabar com as mortes provocadas por embriaguez ou problemas associados ao fumo, devemos contar com os alcoólatras e os fumantes, em primeiro lugar, ou inibir a oferta ativa? Como não temos recursos para atacar causa e efeito, acho que temos que concentrar no atacado, onde a eficiência será melhor.
    A ordem dentro de um campus deve ser, em primeira instância, obrigação da universidade. Isso tem limitações. Não dá para um guarda universitário ou um vigilante privado encarar traficantes, por isso a presença da polícia deve ser solicitada pontualmente para cuidar disso. São Paulo tem um problema geral, dentro e fora do campus, daí concentrar a polícia dentro da universidade é dar ao entorno a carência de segurança. Passa a ser privilégio, tanto quanto tirar de bairros periféricos para atender ao Morumbi, por exemplo. Quem hoje banca armamento, corrupção e a violência em geral é traficante, o grande, não o viciado-traficante que é o caso que vemos nas universidades. O grande tem que ser derrotado, em primeiro lugar.

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