sábado, 18 de fevereiro de 2012

Rio : Cordão do Bola Preta é muita gente e pouco som

Diz-se que o Cordão do Bola Preta, tradicional agremiação carnavalesca carioca, arrastou no ano passado cerca de 1 milhão de foliões no seu desfile da Candelária à Cinelândia, no Rio. Vi imagens onde, de fato, a avenida parecia coberta de pessoas,além do espaço da Cinelândia. Há um grande esforço de mídia para criar no Rio um contraponto de carnaval de massas como o de Recife e de Salvador, já que até há pouco tempo o carioca não ficava na cidade no carnaval, preferindo as cidades próximas, e tudo que havia por aqui era o desfile pasteurizado da Marquês de Sapucaí.

Hoje fui lá conferir. O desfile começou por volta das 10h, com a participação do povão que chegava de trem, metrô e ônibus, colaborando para a festa com muitas fantasias. Ao contrário do que vimos em Recife na gigantesca apresentação do Galo da Madrugada, apenas o caminhão onde fica a banda tem som. Não há carros de apoio repercutindo o som no resto da avenida, e somente quem está cerca de 100 metros de distância do carro da banda ouve as músicas de carnaval. No mais, é o povo passando de um lado para o outro, na azaração, ou bebendo, ou tudo junto. A diversão fica por conta das figuraças que desfilam pela rua.

Apesar da prefeitura ter aumentado a quantidade de banheiros disponíveis e  ter feito campanha na TV contra os mijões, e ter colocado bastante policiamento nas ruas adjacentes, as filas eram imensas. A alternativa era entrar em alguns bares que cobravam cerca de R$ 4 para usar o sanitário. O policiamento da Ordem Pública, apesar de ostensivo, era muito falho, permitindo que as calçadas ficassem cheias de obstáculos que atrapalhavam e criavam situações perigosas para os transeuntes.

Na Cinelândia havia um grande palco, em frente à Câmara Municipal, que não era para o Bola Preta, que seguiu no caminhão até o final da Av. Rio Branco, junto ao Passeio Público. Deve ser para algum show à noite. Por toda a cidade há esse tipo de evento na tentativa de reter os cariocas na cidade, assim como as mais de 300 bandas que fizeram renascer o carnaval de rua. No Largo da Carioca há uma exposição sobre a história do carnaval carioca, onde o Cordão do Bola Preta tem papel importante.

O esforço da prefeitura em promover o Bola Preta como o grande bloco de abertura do carnaval esbarra em problemas de infra-estrutura sérios. Em 2008, quando completou 90 anos, a agremiação perdeu sua sede através de uma ação de despejo, depois de acumular uma enorme dívida de condomínio. Funcionava na Cinelândia, quase em frente aos prédios que caíram recentemente no centro da cidade.

 O Governo do Estado cedeu um prédio público para salvar o bloco. A ampliação de escala de uma agremiação com grande ativo de tradição mas de gestão limitada acaba sobrecarregando os parceiros, em especial a Prefeitura e os patrocinadores, que até aqui não souberam tratar do volume do empreendimento.

Foi bom, mas a conclusão é que tem muito o que aprender com o carnaval de Recife, que é animado, organizado, gratuito (não tem abadá nem o antipático cordão) e muito mais participativo.





Nenhum comentário:

Postar um comentário