quinta-feira, 8 de março de 2012

Discriminação das mulheres : A farsa da equidade de gênero

O marketing descobriu que empresas são mais simpáticas se associarem sua marca ao avanço social. Nessa onda entram a sustentabilidade e as políticas de promoção de segmentos discriminados. A Secretaria de Política das Mulheres da Presidência da República firma convênios com empresas para, em tese, promover a cidadania e combater a discriminação no acesso, remuneração, ascensão e permanência no emprego de homens e mulheres, comprometer-se com a equidade de gênero priorizando a gestão de pessoas e cultura organizacional e difundir práticas exemplares entre empresas e instituições que promovam a igualdade de oportunidades. Mais detalhes neste link. Tudo isso vale também para a questão racial, que não será analisada neste post.

A empresa que participa do programa ganha um Selo Pró-Equidade como reconhecimento pelo combate á discriminação de gênero, que passa a ser ostentado como indicador de qualidade social. Aí você vai lá no site da empresa e percebe que não tem nenhuma mulher em cargo de direção! Você passa nas dependências da empresa e vê que a esmagadora maioria dos cargos gerenciais é ocupado por homens, mesmo que as mulheres representem metade do funcionalismo. Ou seja, tudo fica como no resto da sociedade machista, a exemplo da crítica procedente da deputada Luiza Erundina (PSB - SP) sobre a participação feminina nas bancadas do Congresso Nacional.

Além desse programa de equidade para servir de enfeite de marca corporativa, a farsa nas tentativas de romper a discriminação vai às ruas, geralmente perto do Dia Internacional da Mulher, até na forma de legislação aprovada às pressas, como foi o caso de ontem no Senado, para multar quem paga salários diferentes. Uma empresa que faz da equidade de gênero apenas uma jogada de marketing também não terá nenhum problema para criar um plano de cargos e salários onde homens e mulheres poderão fazer trabalhos iguais recebendo diferente, mudando-se apenas a nomenclatura e o conteúdo. E o sistema de ascensão dependerá da condescendência dos grupos internos de homens que formam verdadeiras maçonarias.

Esse é o principal problema de muitas empresas, que não dão chances às mulheres na partilha do poder (preterição em cursos, ocupação em funções de menor qualidade intelectual, criação de barreiras na forma de experiências anteriores que não acontecerão porque as mulheres não ocuparão bons cargos, etc). O governo colabora com essa farsa pois não acompanha os resultados em termos de ocupação real de espaços nas empresas pelas mulheres. Aí quando a Presidenta Dilma pede mulheres nos cargos, é aquele deus-nos-acuda, porque apesar de haver excelentes funcionárias qualificadas nos quadros das empresas, pesa na hora da investidura a pecha da inexperiência, que é propositallmente cultivada por dos membros dos Clubes do Bolinha que não querem dividir o poder. E tome oficina de maquiagem, florzinha e poesias institucionais no Dia Internacional da Mulher.


Nenhum comentário:

Postar um comentário