segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Brasília : No Flugtag a organização do DF também despencou

Domingo em Brasília é torturante. Se você tem família, com filhos pequenos, o programa é ir a um clube com piscina e ficar por lá. Outra opção é ir para a casa de amigos fazer um churrasco e beber até cair, batendo uma bola e, eventualmente piscina. Pode-se ainda ir para a "praia" do Eixão, principal via que corta a cidade de norte a sul passando por cima da "asa" do plano piloto, caminhar num sol saariano com umidade na faixa dos 30% em cima do asfalto. Tem os parques, como o Olhos d'Água, o Parque da Cidade. No mais, a grande maioria do povo fica em casa mesmo, consertando coisas quebradas, estudando para concurso, vendo TV o dia todo.

Quando aparece algo diferente, todo mundo vai ao mesmo tempo. Ontem houve um evento ciclístico na borda do lago, que levou muita gente, e o Red Bull Flugtag - Dia do Vôo, no que já foi a Concha Acústica (espaço público que, como outros, está abandonado há muito tempo), na beira do lago. A organização do evento privado foi perfeita, à exceção dos absurdos preços cobrados pelo item mais essencial, a água, a R$ 4,50 nos carrinhos oficiais. O Red Bull podia ser tomado por R$ 5, na promoção 2 por 10. A poeira seca exigia líquido, e alguns mais escolados desse tipo de eventos chegavam com seus isopores com cerveja.

O problema foi o entorno do evento. Em Brasília há tranquilamente um carro para cada pessoa de classe média. O engarrafamento foi monstruoso. Na ida até que fomos razoavelmente bem, pegando uma estrada que passa em frente ao Palácio da Alvorada. Até a presidente Dilma deve ter se assustado com toda aquela muvuca por ali, a 3 km do evento. Na volta ficamos quase 1:30 h no engarrafamento, mesmo tendo saído antes. Não havia qualquer organização no trânsito. Aqui cabe o bordão carioca do momento: se hoje está assim, imaginem na Copa!

O Governo do DF deveria fazer de cada evento um aprendizado para lidar com grandes multidões, deslocamentos em massa, etc. No Rio, desde que se soube da realização da Copa em 2014, nos arredores do Maracanã já estava em prática o esquema que servirá de base para o grande evento. Isso também é legado, não é para a Copa. É obrigação do gestor público, desde que concede espaços para eventos de grande porte, associar-se para o sucesso da realização, cobrando do interessado as despesas com o deslocamento de policiais, DETRAN, bombeiros, médicos, etc. O que se viu no Flugtag foi a total privatização dos reflexos do evento, com seguranças contratados para ficar nos acessos e alguns poucos policiais parados em carros. Também estranha foi a ausência de flanelinhas, mesmo com tanto carro parado nas pistas, gramados, canteiros, no matagal, etc. Havia engarrafamento até no lago, com dezenas de lanchas próximas ao local de decolagem.

  No mais, o evento foi divertido, com um público superior a 10 mil pessoas, grande maioria na faixa dos 15 a 30 anos. Fizeram uma pista de decolagem que avançava sobre o lago Paranoá, de onde despencavam os protótipos de aviões que deveriam planar, lançados apenas por empurrão, mas invariavelmente caíam de bico na água. O melhor de todos foi um modelo muito parecido com uma asa delta, que voou 20m. Nos formatos mais insólitos, houve uma pizza voadora que alcançou a marca de 18m de distância, mostrando que na capital federal as pizzas vão longe.

Antes dos vôos as equipes responsáveis pelos aparatos voadores tinham que completar o mico fazendo performances normalmente desastrosas, porque quem inventa essas coisas normalmente não faz mais nada na vida. 

3 comentários:

  1. "Antes dos vôos as equipes responsáveis pelos aparatos voadores tinham que completar o mico fazendo performances normalmente desastrosas, porque quem inventa essas coisas normalmente não faz mais nada na vida. "

    Que bom que você conhece todos os participantes do evento. Ou pelo menos deve conhecer boa parte deles, pra assumir que não fazem nada da vida!

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  2. Caro Bernardo,

    Relendo a frase acima: quem inventa essas coisas (os aparatos, os aviões, geralmente pessoas estudiosas, cientistas, afeitos a clausuras em laboratórios), não tem muito tempo para uma vida social onde se dance, faça performances, etc. Nada impeditivo, mas em geral o comportamento dos inventores é similar ao dos alquimistas, discretos e silenciosos. Não fiz a generalização que entendeu. Os participantes fazem muita coisa na vida, ao contrário do que pensou. Só não fazem tudo na vida.

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  3. Ok, agradeço os esclarecimentos e peço desculpas pelo engano!

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