Em 1945 o presidente Getúlio Vargas foi deposto e duas candidaturas de militares disputavam a eleição presidencial : o Marechal Eurico Gaspar Dutra, que tinha sido Ministro da Guerra de Vargas e que participou da sua deposição, e o Brigadeiro Eduardo Gomes, que também ajudou a depor o ditador. Vargas, político populista com amplo controle sobre as massas de trabalhadores, declarou seu apoio a Dutra. Eduardo Gomes foi para a UDN, partido de viés elitista até hoje citado (udenismo) quando algum hipócrita quer parecer dono da ética e da moralidade, e tinha amplo apoio da classe média. Para levantar fundos para a sua campanha, eram vendidos docinhos de chocolate que levaram o nome de "brigadeiro".
Onde foi que Eduardo Gomes perdeu a eleição para o candidato identificado com o ditador que tinham acabado de derrubar? Morreu pela boca: declarou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, lugar nobre, que não queria saber dos votos da malta que apoiava Getúlio Vargas. O termo "malta", que se refere a vagabundos e desocupados, depois foi traduzido por Eduardo Gomes como "grupos de operários que levam suas marmitas". Foi só o que bastou para a propaganda popular dizer que Eduardo Gomes não queria os votos de pobres, generalizando o termo "marmiteiro", ou seja, o trabalhador que leva marmita para o trabalho. Juntando-se a declaração preconceituosa ao partido de elite que representava uma minoria, estava dada a fórmula para a derrota.
Nos Estados Unidos a campanha presidencial de Barack Obama teve acesso a um vídeo onde o adversário republicano, Mitt Romney, afirma a uma platéia de apoiadores que ele tinha o apoio de 47% do eleitorado até então, e que os outros 53% eram pessoas que viviam das benesses do estado. Sendo um liberal, sua crítica foi ao fato de haver impostos para manter o seguro saúde, as aposentadorias e outros programas sociais que eles combatem para tentar reduzir a carga tributária. Só que essas coisas soam mal aos ouvidos de quem pode perder tudo se o eleito resolver tirar deles para dar aos ricos. Foi dita em ambiente reservado, mas vazou. Perda total.
Romney vai morrer explicando: já caiu na boca do povo que Romney não gosta de aposentados, de pobres, de gente desempregada, e que os 47% que ele diz ter são de pessoas arrogantes, ricaços e gente iludida. Já vi declarações de Obama tirando onda com a gafe de Romney, que a toda hora aparece na Fox News, canal de TV que o apóia, com a cara tensa dizendo que não é isso, que entenderam mal, que ele gosta de pobre sim, que tem pobre na família, etc. Enfim, pode ser que a eleição americana, mesmo sendo Obama e Romney faces da mesma moeda do imperialismo, tenha algum conteúdo de classe.
Que Obama não tenha salvado a economia é uma coisa que tira votos. Que um candidato ameace tirar o pão da boca de milhões de pessoas, é muito mais grave. Sabendo-se que os ricos a quem Romney abriu seu coração e disse o que pensa do povão são uma minoria, a pergunta que se faz agora nos EUA é : quem são esses 47% a quem o candidato republicano se refere?
Segue o link do site da revista Mother Jones, que conseguiu o vídeo do discurso de Romney aos ricaços para levantar dinheiro para a sua campanha:
http://www.motherjones.com/politics/2012/09/secret-video-romney-private-fundraiser
Onde foi que Eduardo Gomes perdeu a eleição para o candidato identificado com o ditador que tinham acabado de derrubar? Morreu pela boca: declarou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, lugar nobre, que não queria saber dos votos da malta que apoiava Getúlio Vargas. O termo "malta", que se refere a vagabundos e desocupados, depois foi traduzido por Eduardo Gomes como "grupos de operários que levam suas marmitas". Foi só o que bastou para a propaganda popular dizer que Eduardo Gomes não queria os votos de pobres, generalizando o termo "marmiteiro", ou seja, o trabalhador que leva marmita para o trabalho. Juntando-se a declaração preconceituosa ao partido de elite que representava uma minoria, estava dada a fórmula para a derrota.
Nos Estados Unidos a campanha presidencial de Barack Obama teve acesso a um vídeo onde o adversário republicano, Mitt Romney, afirma a uma platéia de apoiadores que ele tinha o apoio de 47% do eleitorado até então, e que os outros 53% eram pessoas que viviam das benesses do estado. Sendo um liberal, sua crítica foi ao fato de haver impostos para manter o seguro saúde, as aposentadorias e outros programas sociais que eles combatem para tentar reduzir a carga tributária. Só que essas coisas soam mal aos ouvidos de quem pode perder tudo se o eleito resolver tirar deles para dar aos ricos. Foi dita em ambiente reservado, mas vazou. Perda total.
Romney vai morrer explicando: já caiu na boca do povo que Romney não gosta de aposentados, de pobres, de gente desempregada, e que os 47% que ele diz ter são de pessoas arrogantes, ricaços e gente iludida. Já vi declarações de Obama tirando onda com a gafe de Romney, que a toda hora aparece na Fox News, canal de TV que o apóia, com a cara tensa dizendo que não é isso, que entenderam mal, que ele gosta de pobre sim, que tem pobre na família, etc. Enfim, pode ser que a eleição americana, mesmo sendo Obama e Romney faces da mesma moeda do imperialismo, tenha algum conteúdo de classe.
Que Obama não tenha salvado a economia é uma coisa que tira votos. Que um candidato ameace tirar o pão da boca de milhões de pessoas, é muito mais grave. Sabendo-se que os ricos a quem Romney abriu seu coração e disse o que pensa do povão são uma minoria, a pergunta que se faz agora nos EUA é : quem são esses 47% a quem o candidato republicano se refere?
Segue o link do site da revista Mother Jones, que conseguiu o vídeo do discurso de Romney aos ricaços para levantar dinheiro para a sua campanha:
http://www.motherjones.com/politics/2012/09/secret-video-romney-private-fundraiser
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