domingo, 30 de setembro de 2012

Japão : O primeiro tufão a gente nunca esquece

Estação de trem JR em Kobe, agora há tarde. Operação suspensa por tufão
Escrevi hoje cedo um post falando em reprogramar viagem a partir de imprevistos. Não sabia o que viria depois. Tudo que a previsão do tempo dos serviços de internet mostrou foi chuva para hoje no sul do Japão, na rota que faríamos a partir de Osaka (Kobe, Himeji, Fukuyama, Hiroshima). Chegando à estação JR Osaka fui tirar uma dúvida no serviço de informações e falei às recepcionistas sobre a programação.

Uma olhou para a outra e, com o jeitinho japonês de falar como quem pede desculpas, me falaram do tufão na área onde passaria, e que os trens poderiam ser suspensos. Mostraram num tablet o mapa meterológico onde o centro do tufão estava no mar, ao largo da costa, mas com previsão de tocar o continente próximo a Nagóia às 18h. Como não tenho a menor idéia do que seja um tufão, e vendo no mapa que estava bem distante, relevei o risco e segui viagem.

Em 25 minutos de trem estava em Kobe, onde a atração seria o porto e o memorial do terremoto que destruiu boa parte da cidade em 1998. Chovia pouco e havia ventania. Caminhamos pelas ruas cobertas (verdadeiras galerias comerciais) até próximo ao local, e a chuva era contida por um guarda-chuva sem problemas. Subimos a Torre do Porto de Kobe para ter visão panorâmica da cidade. Quando estávamos no topo, sentimos que a torre tinha pequenos deslocamentos a cada rajada de vento mais forte.

Ao descer e caminhar até o Museu Marítimo de Kobe, que fica do outro lado da avenida, sentimos a passarela balançar com o vento que já estava bem forte, trazendo a chuva na horizontal. Passamos cerca de uma hora no museu e começamos a retornar para seguir viagem. Foi aí que a ventania começou a preocupar.

Rajadas de quase derrubar a gente. Coisas pesadas vinham com o vento. Aproveitávamos breves intervalos entre as rajadas para correr de abrigo em abrigo, rumo á rua coberta. Ouvimos uma sirene que parecia de carro de polícia, mas depois entendemos que era alerta de catástrofe. Enfim, chegamos à rua coberta, mas teríamos que andar muito até a estação do trem. Enquanto a gente estava meio em pânico, os japoneses levavam a vida normalmente. Os que saíam do sufoco chegavam rindo. Ou pareciam rir.

A essa altura do campeonato o passeio para Hiroshima já era. Certamente as outras cidades até lá já haviam sido atingidas pelo tufão. Procuramos voltar para Osaka e encontramos a mensagem da foto no painel da estação. Essa linha de Kobe que vem de Osaka não é de trem-bala (Shinkansen), e nos restava a alternativa de tentar esse tipo em uma outra ferrovia, mais ao norte da cidade (Shin-Kobe). No que procurei confirmar com os operadores da estação sobre essa possibilidade, mandaram a gente entrar e pegar um trem que chegaria logo. Fizemos isso e quase chegando ao final do trajeto, faltando uns 5 minutos, depois do trem sacolejar muito com as rajadas, finalmente mandararam pará-lo.

Esperamos uns 20 min no meio do nada, o que é apenas uma figura de expressão, porque até aqui não vimos descontinuidade entre as cidades. Depois o trem se deslocou até uma estação e lá nos mandaram trocar de trem, na correria. Chegando a Osaka vimos no painel da estação a grande quantidade de trens cancelados para o norte do país. Osaka não foi muito atingida. Agora no hotel estamos vendo no noticiário da TV NHK o deslocamento do tufão, que saiu do mar e entrou a ilha principal próximo a Nagóia, onde o estrago foi grande, especialmente na fábrica da Toyota. Há enchentes em muitas áreas do país, mas as imagens mostram que os abrigos estão prontos para receber as pessoas.

Quanto à viagem, pensando bem saímos no lucro. Se tivéssemos ido mais adiante poderíamos ter ficado ilhados numa estação de cidade pequena, sem previsão para retorno. Olhando as estações e aeroportos lotados, com transportes cancelados, vimos que poderíamos estar ali. A visita a Kobe salvou o dia, porque não sabíamos da existência de um museu da Kawasaki ao lado do Museu Marítimo, muito interessante. Amanhã vamos acordar cedo e tentar o trem direto para Hiroshima. 

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