Na tentativa de explicar o fenômeno social que acontece há 3 semana e leva milhões de pessoas às ruas, reproduzimos abaixo a visão do coletivo trotskista Liga Bolchevique Internacionalista, como faremos adiante com outras visões de esquerda. A unidade de esquerda e o protagonismo do movimento operário estão entre as propostas:
A reacionária onda de ufanismo “patrioteiro” e a rejeição agressiva de uma grande parcela dos manifestantes aos partidos de esquerda é um fenômeno político bem mais profundo do que o desgaste provocado por dez anos de governos burgueses da Frente Popular, ainda que este fator contribua em muito com a “desmoralização” da esquerda reformista. Como podemos aferir também a esquerda “socialista” não “chapa branca” foi alvo da fúria direitista, vinda de manifestantes que não poderiam ser propriamente definidos como “desiludidos” com a prática do PT. Como sempre, os revisionistas do marxismo tentam justificar a guinada à direita das massas (mesmo sendo espancados e expulsos das passeatas) como um fator “progressivo”, afinal seria uma consequência da “repulsa ao governo Dilma” e, portanto, passível de ser “capitalizada” pela esquerda em outra oportunidade, muito provavelmente nas próximas eleições... Acontece que estas tendências reacionárias da população (claramente expressa nas manifestações) são produto direto da etapa mundial contrarrevolucionária, gerando um “vazio” ideológico na luta de massas, ainda que esta se mobilize com métodos radicalizados. A chamada “crise de representação” não tem nada de “avançado”, sob a ótica do marxismo, é um reflexo internacional da eliminação das conquistas sociais dos Estados operários e da histórica derrota sofrida pela esquerda estalinista no Leste europeu. A ausência de uma autêntica direção revolucionária (mais além dos revisionistas que flertam com a social democracia) nestes processos políticos só agrava esta situação e acaba potenciando um “caldo de cultura” favorável ao crescimento de vertentes anticomunistas no seio das massas.
A adoção de uma agenda que contemple as reivindicações mais imediatas dos trabalhadores, em substituição à difusa pauta “verde amarela” induzida pela mídia, está ligada diretamente a capacidade de tomar a direção política do movimento nacional das mãos dos que manipulam hoje as chamadas “redes sociais” na internet, o que não implica necessariamente a disputa “por dentro” mantendo-se o atual quadro. Não se trata de uma tarefa fácil, posto que a própria esquerda perdeu em muito seu vínculo direto com o proletariado, reduzindo sua área de influência aos aparatos sindicais burocratizados. Convocar as mobilizações majoritariamente pela “Rede” pressupõe atingir um certo público atomizado e “individualizado”, ou seja indivíduos mais despolitizados que não integram e nem participam de entidades de massas. “Facebookeiros” são por excelência uma “audiência” nos atos muito mais propícia a um discurso reacionário e ações violentas contra a esquerda. É necessário primeiro estabelecer um norte de classe aos protestos nacionais e como consequência lógica mobilizar os próprios trabalhadores mais conscientes e a população oprimida das periferias, que com certeza não serão encontrada em nenhum “Orkut” ou “Face” da vida...
Outra questão vigente colocada é como enfrentar as hordas de nazi-mauricinhos que cada vez mais e em maior número nos protestos tem atacado indiscriminadamente as correntes de esquerda, do socialdemocrata PT até a Trotsquista LBI. Alguns agrupamentos tem defendido a formação de blocos antifascistas ou mesmo uma suposta “frente única operária” para a defesa da esquerda. O próprio PT convocou a organização de uma massiva coluna de toda a esquerda para a passeata do dia 20 em SP, “onda vermelha”, que acabou virando uma “marolinha laranja” em função da pouca receptividade de suas bases ao chamado. O PSTU que sonhou “surfar” na maré anti-Dilma desatada pela direita, acabou mesmo tendo é que se juntar ao PT para não apanhar, Zé Maria participou até de um ato no Sindicato dos Químicos/SP (21/06) ao lado de Rui falcão, onde debateram a formação de uma aliança para as próximas manifestações. Nós da LBI temos como princípio programático a defesa ativa de todo militante do movimento social, independente das divergências políticas ou metodológicas, diante de qualquer perseguição ou violência sofrida pela via do Estado capitalista ou de milícias neofascistas. Mas neste momento organizar colunas ou blocos comuns nas manifestações com partidos da base da Frente Popular ou com os “OTANISTAS” do PSTU/PSOL significa legitimar a própria plataforma política que conduziu a hegemonia da direita neste processo de mobilização. A melhor alternativa de combate às ações da direita reside na própria mudança da estratégia de condução do movimento, e não na diluição dos revolucionários em um mesmo bloco com o governo do PT ou mesmo a pró-imperialista “oposição de esquerda”. Para derrotar efetivamente o “furacão verde-amarelo” é necessário não a “onda bandeira vermelha” do PT, mas redirecionar as mobilizações para a classe operária e seus aliados, por que nestas a “mauriçada” direitista e as hordas fascistas não terão a coragem de sequer passar por perto de nossas “foices e martelos”.
Os Marxistas Leninistas da LBI veem com bastante preocupação o momento que o país atravessa, fomos a primeira corrente da esquerda a alertar o desvio do movimento, enquanto o conjunto do revisionismo (e até mesmo setores oficialistas da esquerda) delirava com alucinações oportunistas do tipo: “rebelião popular” no Brasil. Não se trata agora de recuar, ou perfilar-se com o governo Dilma, temendo o potencial revolucionário das massas e da juventude em luta. A perspectiva aberta impõe uma enérgica ação da esquerda comunista para evitar um triunfo das forças mais retrógradas deste país. Somente o proletariado organizado, protagonizando com suas ações políticas o cenário nacional, poderá “virar o jogo” a favor da construção de uma verdadeira alternativa embrionária de poder socialista. Convocamos os genuínos comunistas e todos os coletivos classistas do país a se empenharem com a LBI nesta tarefa revolucionária da qual depende o êxito ou a derrota destas mobilizações nacionais em curso.
[24/6/2013; 9h10min]
EDITORIAL
Para o Brasil não girar à direita, o movimento operário deve ser o protagonista do cenário nacional
A esquerda ainda procura entender o se passa no Brasil após a avalanche de protestos que cruzou as principais cidades do país. As passeatas da juventude contra o aumento das tarifas no transporte público, que tiveram origem em São Paulo e no Rio, receberam um “carinhoso” tratamento por parte da oligarquia política dominante (PT, PCdoB, PSDB ,PMDB etc...), sendo inicialmente desqualificados como “Vândalos e Baderneiros”. Até mesmo a esquerda revisionista que apoiava inicialmente a convocatória do MPL para os protestos, como o PSTU e PSOL, deu um passo de lado afirmando que não avalizava os “atos de vandalismo” ocorridos na Av. Paulista, na mesma linha do sindicato dos Metroviários/SP (CONLUTAS) que afirmou não ter nenhum comprometimento político com as mobilizações que estavam ocorrendo. Lamentável papel ocupou a prefeita “comunista” em exercício, Nádia Campeão (PCdoB), sintetizando uma posição comum da esquerda declarou à Rede Globo no dia 12/06: “Acho que, depois dos acontecimentos nessas três manifestações, a vontade dos manifestantes não é dialogar. Os métodos utilizados afastam o diálogo, não aproximam. Não podemos aceitar que o objetivo seja criar transtorno. O diálogo nessas condições não é possível”. Para trazer a “solidariedade” da esquerda petista (DS, OT, EM), não aos manifestantes e sim ao fascista Alckmin, entrou em cena o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, oferecendo os “préstimos” da PF para monitorar o movimento. Mesmo isolados os corajosos “vândalos” do MPL seguiram com o movimento, que também chegou com muita força no Rio, organizando passeatas ainda maiores, catalisando desta forma o sentimento de “puteza” do conjunto da juventude oprimida por este regime da “Democracia dos Ricos”. Mas os quadros estrategistas da mídia “murdochiana” percebendo o potencial explosivo das mobilizações resolveram “abraçar” o movimento, e com a ajuda do reacionário grupo internacional “Anonymous” conseguiram “pautar” o movimento com bandeiras “cívicas e patrióticas”. Este foi o sinal verde para que milícias neofascistas e hordas da classe média direitista ocupassem as marchas para impor o “terror” indiscriminadamente contra todas as organizações da esquerda, contando inclusive com apoio de grupos anarquistas, muito influentes neste período de completa despolitização de setores mais atrasados da juventude plebeia. Ganhando um caráter multitudinário nacional, o movimento das ruas não é homogêneo e tampouco conseguiu assumir centralizadamente o eixo tão sonhado pelo “PIG”, do “Fora Dilma”. “Comendo pelas beiradas” a reação midiática tenta pelo menos unificar politicamente os protestos na “luta” contra a PEC 37, já contando com o apoio do PSOL,PSTU e PCB. Trata-se de uma manobra antidemocrática da burguesia que pretende transformar a corja reacionária do ministério público (Roberto Gurgel e Cia.) em um superpoder neste país. A única certeza mesmo que temos é que se o movimento operário organizado não se fizer presente e atuante politicamente nestas mobilizações, com seu próprio programa classista, a dinâmica do movimento nacional penderá inexoravelmente para a direita, colocando o país na sinistra trilha da reação imperialista mundial.
A reacionária onda de ufanismo “patrioteiro” e a rejeição agressiva de uma grande parcela dos manifestantes aos partidos de esquerda é um fenômeno político bem mais profundo do que o desgaste provocado por dez anos de governos burgueses da Frente Popular, ainda que este fator contribua em muito com a “desmoralização” da esquerda reformista. Como podemos aferir também a esquerda “socialista” não “chapa branca” foi alvo da fúria direitista, vinda de manifestantes que não poderiam ser propriamente definidos como “desiludidos” com a prática do PT. Como sempre, os revisionistas do marxismo tentam justificar a guinada à direita das massas (mesmo sendo espancados e expulsos das passeatas) como um fator “progressivo”, afinal seria uma consequência da “repulsa ao governo Dilma” e, portanto, passível de ser “capitalizada” pela esquerda em outra oportunidade, muito provavelmente nas próximas eleições... Acontece que estas tendências reacionárias da população (claramente expressa nas manifestações) são produto direto da etapa mundial contrarrevolucionária, gerando um “vazio” ideológico na luta de massas, ainda que esta se mobilize com métodos radicalizados. A chamada “crise de representação” não tem nada de “avançado”, sob a ótica do marxismo, é um reflexo internacional da eliminação das conquistas sociais dos Estados operários e da histórica derrota sofrida pela esquerda estalinista no Leste europeu. A ausência de uma autêntica direção revolucionária (mais além dos revisionistas que flertam com a social democracia) nestes processos políticos só agrava esta situação e acaba potenciando um “caldo de cultura” favorável ao crescimento de vertentes anticomunistas no seio das massas.
A adoção de uma agenda que contemple as reivindicações mais imediatas dos trabalhadores, em substituição à difusa pauta “verde amarela” induzida pela mídia, está ligada diretamente a capacidade de tomar a direção política do movimento nacional das mãos dos que manipulam hoje as chamadas “redes sociais” na internet, o que não implica necessariamente a disputa “por dentro” mantendo-se o atual quadro. Não se trata de uma tarefa fácil, posto que a própria esquerda perdeu em muito seu vínculo direto com o proletariado, reduzindo sua área de influência aos aparatos sindicais burocratizados. Convocar as mobilizações majoritariamente pela “Rede” pressupõe atingir um certo público atomizado e “individualizado”, ou seja indivíduos mais despolitizados que não integram e nem participam de entidades de massas. “Facebookeiros” são por excelência uma “audiência” nos atos muito mais propícia a um discurso reacionário e ações violentas contra a esquerda. É necessário primeiro estabelecer um norte de classe aos protestos nacionais e como consequência lógica mobilizar os próprios trabalhadores mais conscientes e a população oprimida das periferias, que com certeza não serão encontrada em nenhum “Orkut” ou “Face” da vida...
Outra questão vigente colocada é como enfrentar as hordas de nazi-mauricinhos que cada vez mais e em maior número nos protestos tem atacado indiscriminadamente as correntes de esquerda, do socialdemocrata PT até a Trotsquista LBI. Alguns agrupamentos tem defendido a formação de blocos antifascistas ou mesmo uma suposta “frente única operária” para a defesa da esquerda. O próprio PT convocou a organização de uma massiva coluna de toda a esquerda para a passeata do dia 20 em SP, “onda vermelha”, que acabou virando uma “marolinha laranja” em função da pouca receptividade de suas bases ao chamado. O PSTU que sonhou “surfar” na maré anti-Dilma desatada pela direita, acabou mesmo tendo é que se juntar ao PT para não apanhar, Zé Maria participou até de um ato no Sindicato dos Químicos/SP (21/06) ao lado de Rui falcão, onde debateram a formação de uma aliança para as próximas manifestações. Nós da LBI temos como princípio programático a defesa ativa de todo militante do movimento social, independente das divergências políticas ou metodológicas, diante de qualquer perseguição ou violência sofrida pela via do Estado capitalista ou de milícias neofascistas. Mas neste momento organizar colunas ou blocos comuns nas manifestações com partidos da base da Frente Popular ou com os “OTANISTAS” do PSTU/PSOL significa legitimar a própria plataforma política que conduziu a hegemonia da direita neste processo de mobilização. A melhor alternativa de combate às ações da direita reside na própria mudança da estratégia de condução do movimento, e não na diluição dos revolucionários em um mesmo bloco com o governo do PT ou mesmo a pró-imperialista “oposição de esquerda”. Para derrotar efetivamente o “furacão verde-amarelo” é necessário não a “onda bandeira vermelha” do PT, mas redirecionar as mobilizações para a classe operária e seus aliados, por que nestas a “mauriçada” direitista e as hordas fascistas não terão a coragem de sequer passar por perto de nossas “foices e martelos”.
Os Marxistas Leninistas da LBI veem com bastante preocupação o momento que o país atravessa, fomos a primeira corrente da esquerda a alertar o desvio do movimento, enquanto o conjunto do revisionismo (e até mesmo setores oficialistas da esquerda) delirava com alucinações oportunistas do tipo: “rebelião popular” no Brasil. Não se trata agora de recuar, ou perfilar-se com o governo Dilma, temendo o potencial revolucionário das massas e da juventude em luta. A perspectiva aberta impõe uma enérgica ação da esquerda comunista para evitar um triunfo das forças mais retrógradas deste país. Somente o proletariado organizado, protagonizando com suas ações políticas o cenário nacional, poderá “virar o jogo” a favor da construção de uma verdadeira alternativa embrionária de poder socialista. Convocamos os genuínos comunistas e todos os coletivos classistas do país a se empenharem com a LBI nesta tarefa revolucionária da qual depende o êxito ou a derrota destas mobilizações nacionais em curso.
[24/6/2013; 9h10min]
O movimento esquerdista 'clássico' (leninista ou trotskista) é, hoje, um delírio. A LBI, assim como outros coletivos e estruturas similares organizadas devem modernizar seu discurso. O embate de classes entre o proletariado e as classes dominantes se dinamizou - quando, na sua introdução ao Manifesto, Marx avulta as bandeiras de luta da diminuição da carga horária e outras conquistas pretendidas, não posso deixar de imaginar como ele reagiria as diversas conquistas trabalhistas do século XX e XXI: acharia pouco, acharia muito? - e não podemos mais falar em esquerda ou direita hoje como falávamos um século atrás. Devemos falar em politização das massas; educação pública básica de qualidade; reforma das estruturas políticas; e por aí vai. A luta de classes ainda existe, mas mudaram os embates, os protagonistas e os discursos.
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