sexta-feira, 26 de julho de 2013

Bolsa Família : Ódio não é só por 80 reais

Por que alguém odiaria um programa que permite que os mais pobres sobrevivam recebendo uma migalha do governo? É pelos 80 reais por criança beneficiada pelo Bolsa Família? Vejo pelo menos 3 grandes razões cruéis para algumas pessoas saírem pela internet espalhando mensagens e a mídia gastar espaços contra o o programa que está acabando com a miséria absoluta no Brasil.

1 - Os eugenistas / genocidas / malthusianos / darwinianos sociais - partem da idéia de recursos limitados para a população, ou seja, o mundo tem gente demais por isso a população tem que ser reduzida "naturalmente" pela fome, desassistência, doenças, etc. Odeiam os pobres porque têm muitos filhos que gerarão muitos mais filhos, etc. Enfeiam o seu visual, submetem-nos a cenas de mendigagem, etc. São os que não querem médicos no interior, são contra o combate à seca no nordeste com a transposição do São Francisco, contra novas hidrelétricas (viés ambientalista) para suprir as necessidades de gente pobre (por tabela, contra o programa Luz Para Todos). Para alguns, a "solução final" nazista seria um recurso válido: campos de concentração para pobres. Os 80 reais são irrelevantes, pois o ódio é à miséria da qual querem distância. Reconhece-se pelo uso da palavra "petralha" contra os que defendem pobres. Babam quando falam a palavra "mensalão". Acham um absurdo empregada doméstica ter direitos.

2 - Os que pensam mais ou menos como os do caso anterior, mas não querem parecer tão cruéis. Aí entra o bloco dos "coxinhas", que têm horror à miséria, escondem parentes que moram no subúrbio ou no interior, parecem ter nascido espontaneamente sem origens sociais. Embarcam na onda do "pobre tem mais é que trabalhar para ganhar dinheiro", curtem Raquel Sherazade e Reinaldo Azevedo, dizem que os programas de combate à exclusão são apenas eleitoreiros e que os gastos saem dos seus bolsos. São em geral da classe média, pequenos burgueses ou assalariados das faixas mais altas. Ou "self-made peopole", os que dizem que saíram da pobreza porque lutaram muito e os demais são preguiçosos e por isso não ganham dinheiro. Agora são os que mais aparecem nas redes sociais pregando contra o Bolsa Família, dizendo que os participantes não deveriam votar, pregando voto nulo, voto facultativo, tudo para excluir a grande maioria do povo da cidadania. São pelo voto censitário, ou seja, só os ricos teriam condições de escolher bons candidatos, e assim termos uma política menos corrupta (tão inocentes...). Sâo os que dizem que o PT fez o governo mais corrupto da história e que o gigante acordou agora (perderam o resto da história, porque não conheceram os governos de JK, ditadura, Collor, Sarney, FHC e outros que saquearam o país). Também há os que acham que os pobres são pobres por determinação do destino, divina ou não, e no máximo aceitam a caridade individual como forma de aliviar suas almas.

3 - Os capitalistas. A classe dominante que reproduz capital através do trabalho não pago (alienado) dos mais pobres. São os que dão a pauta à mídia, os que patrocinam o golpismo. Entre eles estão os rentistas, os especuladores do capital financeiro, que estão tendo suas rendas sem trabalho cortadas à metade com a taxa de juros mesmo na faixa de 8,5%. Eles vendem a idéia do país em crise econômica, do descontrole social, do golpe pela toga ou pela farda, enfim, a idéia de tirar o governo que está aí para voltarem a ter grandes rendimentos e boas oportunidades de enriquecer com privatizações. São contra o Bolsa Família por motivos de classe: Lula e Dilma tiraram do mercado de mão-de-obra praticamente gratuita cerca de 40 milhões de pessoas que exerceriam "dumping" salarial e de direitos caso fossem lançadas ao mercado, mesmo desqualificadas. Já não conseguem mais empregar crianças, mulheres e idosos por pratos de comida. Não conseguem mais manter homens em semi-escravidão, rendendo mais-valia absoluta. Chamam a isso de "perda de competitividade" com os estrangeiros e "custo Brasil" aos direitos trabalhistas. Não têm pudor nenhum em sustentar ditaduras, em pagar a milícias ou grupos paramilitares para eliminar todos os que se opuserem ao seu "direito" de enriquecer em cima da miséria alheia.  Para eles, os  80 reais custam muito mais caro, mesmo que não paguem nada por isso com impostos sobre suas rendas e patrimônios absurdos.Dizem que querem o estado mínimo mas de fato querem que os impostos pagos pela classe média sejam repassados aos seus negócios, daí acabar com todos os gastos sociais ser mais dinheiro sobrando para eles. Além disso os 80 reais impedem a livre reprodução do capital.






2 comentários:

  1. Aqueles que são contra o Bolsa família são os que querem que os beneficiários do programa continuassem a depender das suas esmolas, para assim, num jogo de poder, os beneficiários continuassem a servi-los.

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  2. O Anônimo acima tem razão e o texto, em igual medida, dá conta de descrever muito bem os perfis dos que tem, como o Caco Antibes, "horror a pobre" e a tudo o que a eles se relaciona ou faz lembrar, o que explica o ódio seletivo ao PT. Todavia, com relação às hidrelétricas, como é o caso de Belo Monte, temos que pensar na questão indígena, relagada a segundo plano também pelo PT, cujo governo aliás tem se aproximado mais dos ruralistas e criminalizado os movimentos que defendem a manutenção dos direitos indígenas e a eles proprios, tanto no campo quanto na Aldeia Maracanã, situação para a qual tem fechado os olhos, em razão da preocupação com a Copa.

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