Como é que se determina o valor de uma passagem de transporte coletivo? Uma parte do preço que você paga é dos custos variáveis, ou seja, aqueles que só ocorrem quando o veículo anda: combustíveis, manutenção, limpeza, estacionamentos, pedágios, eletricidade (caso de trens e metrôs), imposto sobre faturamento, salários de motoristas, fiscais e condutores, etc.
Outra parte vem do custo fixo, ou seja, aquele que mesmo que o veículo não ande será pago: impostos fixos, pessoal de escritório, gastos com publicidade, aluguel de prédios, amortização dos equipamentos, juros sobre empréstimos para os investimentos e depreciações.
Sobre tudo isso há o lucro do empreendedor, público ou privado.
As planilhas de custos mostrarão o primeiro bloco com mais clareza, mas no segundo grupo é que está o pulo do gato. Um metrô como o de São Paulo, superfaturado conforme denunciado pela Siemens (pelo menos em R$ 450 milhões) exigirá que esse "plus" seja colocado no preço final da passagem para dar a rentabilidade exigida pelos investidores. Ou seja, na hora do cálculo do preço o dono do meio de transporte dirá que gastou um certo valor nas obras, equipamentos, etc, e isso terá que ser reposto até a obsolescência através de uma parte do preço dos serviços, considerado um número de usuários, etc.
Moral da estória: a corrupção embutida no superfaturamento virará, para sempre, uma parte do preço da passagem. Aí o povo vai às ruas pedir passe livre ou subsídios. Constata que os preços de passagens evoluíram acima da inflação e que os proprietários dos meios de transportes ganharam mais com isso. Congela-se as passagens e pede-se para ver as planilhas de composição dos preços, onde a corrupção embutida não será mostrada. Começará a luta por centavos. E os corruptos e corruptores nada pagarão por isso. No fim das contas, o contribuinte pagará os subsídios para zerar ou baixar preços de passagens.
Meu amigo, minha amiga, todos os que foram às ruas fazer ou apoiar a luta por redução de preços de passagens: onde estão vocês sabendo-se da roubalheira no metrô paulista que é responsável por parte do confisco dos seus salários toda vez que pagam uma passagem? Ninguém vai pedir cadeia para os ladrões? Tudo o que se fez nas ruas foi só pela PEC 37 que a Globo promoveu junto com mascarados anonymous? Se era só por isso, o título de trouxa lhe cai bem. E é pouco.
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