terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Coxinhas : A lúmpem-burguesia brasileira?

Há alguns dias escrevi no blog um post sobre a "direita com sinal trocado" que identifiquei na conjuntura. Dias depois vendo reações aos verdadeiros absurdos que defendem até do ponto de vista do capital, creio que estamos diante de um tipo de lúmpem que não é o do proletariado. O nome mais adequado, para seguir a idéia de Marx em alemão, seria "lumpenbourgeoisie", o lúmpen-burguesia. Segue uma definição do "lumpenproletariat" :

"O termo lumpemproletariado (do alemão Lumpenproletariat: 'seção degradada e desprezível do proletariado', de lump 'pessoa desprezível' elumpen 'trapo, farrapo' + proletariat 'proletariado') ou lumpesinato 1 ou ainda subproletariado designa, no vocabulário marxista, a população situada socialmente abaixo do proletariado, do ponto de vista das condições de vida e de trabalho, formada por frações miseráveis, não organizadas do proletariado, não apenas destituídas de recursos econômicos, mas também desprovidas de consciência política e de classe, sendo, portanto, suscetíveis de servir aos interesses da burguesia. Assim, segundo os teóricos da revolução, o lumpemproletariado seria pernicioso, já que seu cinismo e sua absoluta ausência de valores poderiam contaminar a consciência revolucionária do proletariado."

O coxinha pode até ter dinheiro, mas não está no centro do capitalismo, onde estão os industriais e os banqueiros. Sente-se ameaçado porque enxerga a aproximação ascendente de uma classe que abomina, enquanto se garante na meritocracia e em privilégios históricos. Confunde o ódio aos que promoveram a ascensão social (governo, PT, Lula, Dilma) com o próprio país. Fala mal de tudo e de todos, nutre fanatismo pelos países estrangeiros como "melhores" e nada no Brasil presta, tudo é corrupção, impunidade, bandalheira. Prega golpe militar como forma de parar com a ameaça ao seu "status quo". Enquanto isso a burguesia propriamente dita faz acordos com o governo e ganha muito dinheiro.

As diferenças aparecem até nas mídias. As revistas especializadas em finanças assumem posturas menos ideológicas e panfletárias que as revistas semanais. Sabem que não dá para condenar o investimento brasileiro no Porto de Mariel e dizer as bobagens que o lumpem-burguesia vomita nas redes sociais, na Veja, na Folha e na Globo. Há até uma emissora que criou a "rainha dos coxinhas", que ganha audiência falando "verdades" que agradam tanto ao lumpem-burguesia como ao lumpem-proletariado. Até o Estadão, conservador, parece dialogar mais com a burguesia real que com a molecada coxinha. 

São burgueses desprovidos de consciência de classe. Ameaçam a burguesia porque a todo momento provocam a grande maioria para o enfrentamento. Confunde-se ao ponto de se aliar à extrema-esquerda para promover a violência buscando a ruptura institucional e a partir dela colocar no poder um fardado ou togado que "salve a sua pátria", mesmo que isso signifique o isolamento do Brasil no cenário internacional e consequente perda de espaços para o capitalismo nacional. Sua ideologia tacanha, fascista,  individualista, contamina setores da burguesia, junta-se ao lumpem-proletariado mas não resiste a boquinhas e favores individuais. São a miséria moral e ética da burguesia. 

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