Roteiro macro a ser desenvolvido, orçado, replanejado, detalhado, reorçado, etc, etc. (Google Earth) |
Ainda há incertezas conjunturais que poderão alterar a rota, por isso na confecção do projeto estamos deixando margem a mudanças rápidas e radicais. O que impede da insânia do governo israelense mandar umas bombas no Irã? Ou haver tumultos na Turquia por causa das eleições de agora? E ampliação da guerra na Ucrânia com o Mar Negro virando teatro de operações bélicas, atingindo até o sul da Rússia ou Kiev? E a guerra entre Armênia e Azerbaijão pela região do Nagorno - Karabachi voltar a esquentar? E os conflitos na Abikásia e Ossétia do Sul, na Geórgia, hoje ocupados pela Rússia? E o embargo ao Irã? Enquanto escrevia este post saiu o banimento da compra de alimentos dos aliados dos EUA pela Rússia em retaliação a outras sanções relativas à Ucrânia. E há uma guerra feroz se expandindo no Iraque onde pode haver envolvimento direto do Irã...
Depois de muitas leituras, vídeos, relatos e informações técnicas chegamos ao primeiro roteiro, que já leva em consideração as restrições regionais. Queríamos ir à Criméia, hoje território russo contestado pela Ucrânia e pelos países da OTAN. Quem vai lá pode ser impedido de ir ao resto da Ucrânia (informações contraditórias sobre isso). Por ora, deixamos de lado, mas ainda é possível. Ir ao Irã pode dificultar entrar um dia em Israel, nos EUA, etc.
Andar pelo Cáucaso e arredores é jogar xadrez. É uma colcha de retalhos de microcivilizações, onde se fala 60 idiomas e existem etnias e religiões variadas. Além disso, disputas milenares entre eles. Enquanto existia a União Soviética essas rivalidades eram abafadas. Depois as energias foram liberadas para a violência mútua. É lá que estão lugares muito falados nos noticiários de guerra como Chechênia, Ossétia, Abikásia, Daguestão, Nagorno-Karabachi, etc. E estamos às vésperas dos 100 anos do genocídio de armênios pelos turcos, em 1915.
Montar um roteiro envolvendo tais países é complicado, por isso deveremos chegar por Istambul, passar uns dias na cidade e seguir para Kiev, na Ucrânia. Apesar da beligerância, ainda há vôos da Ucrãnia para a Rússia, por isso vamos passar bem longe dos mísseis e seguir para Volgogrado (ex-Staliningrado), de lá para Rostov-on-Don e circular na região sul da Rússia por uns dias. De Rostov seguimos para Baku, no Azerbaijão, de onde sairemos para Tblisi, na Geórgia. De ônibus seguiremos para Erevan, na Armênia e de avião para Teerã, no Irã, retornando a Istambul para fazer um roteiro de carro pela Turquia.
Essa é a idéia hoje mas tudo pode mudar dependendo da conjuntura política. Foi o roteiro que contemplou as rivalidades existentes, de modo a evitar traumas ao entrar em qualquer um desses países. Outras cidades serão incorporadas a esse plano macro, respeitados os tempos de permanência pré-determinados.
A necessidade maior de visto será para o Irã. Nos demais, aparentemente, podemos entrar por conta de acordos bilaterais sem vistos, mas por conta dessas diferenças regionais vamos tomar alguns cuidados adicionais, como no caso do Azerbaijão.
Vimos relatos que vão da mais absoluta hospitalidade com brasileiros a tensões que podem fechar o tempo, por exemplo, se na Geórgia se falar bem da Rússia ou elogiar a Armênia no Azerbaijão. E riscos de violência e sequestros em certas áreas que evitaremos. E os inevitáveis terremotos que vez por outra engolem cidades na região.
De concreto mesmo só temos um teto orçamentário que permitirá viajar por até uns 60 dias. A princípio vamos aprofundar o planejamento para caber a Eurásia em 45 dias. Vamos comprar as passagens de ida e volta para Istambul passando por alguma cidade européia ocidental na volta, que pode ser Lisboa ou Amsterdam, para passar uns dias menos tensos. Se algo der errado por problemas conjunturais ou pessoais podemos abreviar tudo ou parte, antecipando, por exemplo, a parte eurasiana e ficando mais tempo na europa ocidental. Ou recalcular a rota partindo para Moldávia, Bielorrússia ou Romênia, que ficam no escopo. Dentro da Eurásia deixaremos para reservar passagens e hotéis ao sabor dos replanejamentos, o que é arriscado pela falta de internet de qualidade que poderemos encarar.
Afinal, por que ir a esse lugar cheio de problemas em vez de fazer como todo mundo que juntou uns trocados e ir ao filé da Europa passear entre jardins maravilhosos com serviços que funcionam e voltar maravilhado? Porque gosto de conhecer as civilizações que explicam o nosso mundo atual. História, arte, costumes, povos, sistemas sociais. Não gasto dinheiro em viagem para ostentar, para ficar de bobeira em hotel cheio de recursos ou indo a lugares da moda, mas para aprender e apreender tudo que puder da experiência, num olhar antropo-sociológico, para entender como a história funciona. É isso que me faz entrar nessa região onde poucos se arriscariam ir. E de tudo isso escrever as impressões. Quem sabe fazer um livro?
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