quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Marina pode ser o novo Collor?

Antes do acidente que matou Eduardo Campos a realidade eleitoral baseada em pesquisas dava Dilma vencendo no primeiro turno com pequena margem. Estávamos a seis dias do início dos programas eleitorais na TV onde Dilma terá o o dobro do tempo de Aécio e poderá confrontar a ofensiva de mídia que não conseguiu tirá-la do patamar de 38%, mas não fez Aécio nem Eduardo subirem.

Com a morte trágica de Eduardo agora se fala na apresentação do nome de Marina Silva como candidata da frente liderada pelo PSB. A decisão do partido não será fácil diante da certeza da migração de Marina para o partido Rede com ou sem vitória. O partido terá que optar entre o oportunismo de ficar refém do grupo de Marina ou lançar um nome mais comprometido com o PSB histórico e entregar a eleição a Dilma no primeiro turno, como o tal "mercado" já pressentiu com a queda da bolsa e subida do dólar especulados ontem.

A mídia patrocinada pela a especulação e o setor financeiro aposta em Marina conseguir o segundo turno mas tem receios  porque não sabe até que ponto poderá crescer em cima da comoção pela a morte de Eduardo. Há três cenários possíveis: . Ontem a Folha nem esperou o luto e já correu atrás de influenciar a decisão PSB com uma pesquisa do Datafolha comunicada ao TSE sobre o segundo turno Marina x Dilma e o que o partido deveria fazer agora.

- Marina escolhida candidata com ruídos no PSB e nos palanques articulados por Eduardo com PSDB e DEM, por representar uma proposta mais à esquerda de Campos que também criará atritos com o agronegócio e outras áreas reacionárias também influentes em mídia. Pode não consegue decolar por falta de apoios, mesmo que se torne mais simpática como "terceira via" que sempre foi a proposta da sua chapa. Parte do eleitorado de Eduardo pode vir a anular votos, apoiar Dilma (tensão que só a presença de Eduardo conseguia combater) ou correr para Aécio, reforçando o atual cenário de vitória do governo no primeiro turno;

- Marina escolhida com todos os problemas do item anterior, mas não decola por falta de sustentação partidária ou eleitoral por desconfianças sobre o que seria o seu governo com o PSB elegendo uma bancada irrisória, tornando-se dependente do PT e/ou da direita (PSDB, DEM). Também pode sofrer por ser identificada com um segmento que confronta com o agronegócio, identificação com o banco Itaú, dificuldade de fazer crível seu discurso como suficiente para governar um país muito mais complexo que a temática ambiental, parecer uma cópia do governo, etc. Cresceria, levaria Aécio ao segundo turno inflada pela "onda verde" midiática que lhe rendeu os 20 milhões de votos na eleição passada. Cenário ideal para a direita que apoía Aécio;

- Marina é escolhida no PSB no embalo da mídia favorável, cresce no "reconhecimento emocional" de Eduardo ter sido uma candidatura alternativa que ganhou visibilidade com o impacto da sua morte e vira uma terceira via entre os desgastados Aécio e Dilma, num movimento viral, e cresce ultrapassando Aécio e indo ao segundo turno com Dilma. Se isso acontecer nada mais é previsível, a não ser o cheque em branco que os derrotados na candidatura Aécio terão que lhe passar para derrotar Dilma no segundo turno. Voltamos a 1989 quando Collor surpreendeu com o discurso moralista do "caçador de marajás" e foi com Lula ao segundo turno. O imponderável servirá de pesadelo a Dilma, porque o massacre midiático pode chegar a limites inimagináveis de desespero, à direita, porque apostaria numa candidatura desagradável na qual teriam que mendigar se virar governo, e à própria Marina, que teria que renegar tudo que disse para fazer um governo "governável" através da composição com um enorme leque de forças à direita, com o PT na oposição e desagradando aos movimentos sociais caso embarque para a direita cedendo às pressões do mercado. 

2 comentários:

  1. Você confunde seus desejos com análises. Minha hipótese é que, se confirmada Marina candidata a Presidente (PRESIDENTE e não presidenta, com certa gente por ai equivocadamente quer cunhar), Marina vence, monta um Governo de qualidade, com gente íntegra, daqueles que jamais meteriam o pé na jaca, gente que não compraria votos, gente que não pagaria mensalão. O Brasil se anima com os novos ares de decência. Trabalhadores sairiam pelas ruas em passeata de redenção. Seriam expulsos a ponta pés de cargos por todo lado, aquela gente do movimento sindical parasitário que se aboletou nas asas do Lulopetismo. O PT voltaria à oposição, coisa que sabe fazer bem.

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    1. Com o passar dos dias a situação vai se aclarando. Após a comoção do enterro as disputas políticas em torno da candidatura de Marina, que já vêm desde o dia do acidente, está ficando clara a euforia de mídia e do próprio PSDB com a candidatura dela. Taticamente, claro, porque os grandes interesses preferem ter um candidato com a sua cara, no caso, Aécio, que ter que fazer joguinhos com Marina na presidência.
      Quanto ao "governo sem gente que meta o pé na jaca" seria bom dar alguma dica, porque a política real indica que o PSB e os partidos de apoio a Marina elegerão um punhado de deputados e uma merreca de senadores, logo terá que ir "às compras" para poder ter sustentação no congresso. Na prateleira, os de sempre: bancada evangélica, PMDB, partidos de aluguel, o que sobrar do DEM e do PSDB. Um balaio de gatos que fará o atual balcão de negócios parecer uma loja de luxo. Se Marina vier a se eleger será com discurso se opondo a Dilma, terá um governo fraco, vacilante, ao sabor das pressões de mídia e grande capital, com o PT na oposição, onde é insuperável. Simplesmente não governaria. E tudo o que foi feito de positivo nestes 12 anos irá pelo ralo. Não se elegará, por causa de tudo isso e mais algumas coisas.

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